São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Lacerda no sal

Além de empacotar o delegado Protógenes Queiroz, o relatório da corregedoria da PF sobre a Operação Satiagraha joga um balde de água fria na pretensão, alimentada por uma parcela do governismo, de reconduzir Paulo Lacerda ao comando da Abin.
Os depoimentos colhidos indicam que a participação da agência não foi pontual nem periférica. O agente de operações José Maurício Michelone, por exemplo, relatou ter sido deslocado de Goiânia ao Rio para "vigiar alvos". O QG da Satiagraha na cidade esteve subordinado à Superintendência da Abin no Estado, por sua vez ligada diretamente a Lacerda. O local foi o mesmo usado pelo órgão para fazer a segurança do Pan-2007. Segundo o relatório da corregedoria, de lá se "determinava a ocupação do pessoal".



Batuta. A equipe da Satiagraha no Rio foi comandada por Vicente Ernani Filho, chefe de operações da Abin no Estado. Segundo a corregedoria, ele mentiu ao negar a realização de monitoramento.

Perfil. O relatório da corregedoria caracteriza Protógenes como um delegado desobediente e cujos relatos "não correspondem à verdade". Um dos capítulos se chama "Das mentiras constatadas". Policiais dizem nos depoimentos que ele "contrariou a praxe das operações".

Operador. Segundo agentes da Abin ouvidos, o escrivão da PF Walter Guerra centralizou o trabalho de investigação na rua, além de ter sido um dos receptores dos sigilos telefônicos. O próprio Guerra, porém, afirmou: "Em São Paulo, não houve participação de pessoas ligadas à Abin na realização de qualquer trabalho".

Inicial. Depois que a Justiça vetou o nome Operação Gepeto (pai de Pinóquio) para batizar a investigação sobre Protógenes, os envolvidos adotaram "Operação G".

Custo 1. Constam como "aplicações diretas" do Ministério da Justiça, em 2007 e 2008, repasses para agentes que atuaram na Satiagraha em atividades "de caráter sigiloso". O dinheiro foi usado para pagar informantes.

Custo 2. O escrivão Amadeu Ranieri recebeu R$ 40 mil. Gilberto Leon Chauvet, que tinha senhas das escutas telefônicas, levou R$ 31 mil.

Memória. Será inaugurada nesta sexta-feira no Rio de Janeiro a Escola Municipal Octavio Frias de Oliveira, assim batizada em homenagem ao publisher da Folha morto em abril de 2007. Localizada no bairro de Jacarepaguá, foi construída de modo a facilitar a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais.

Nano. O projeto de reforma política inclui cláusula de barreira de 1% dos votos, em vez dos 5% inicialmente previstos. Segundo o Ministério da Justiça, que redige o texto, isso bastaria para eliminar 15 nanicos, preservando todos os partidos da base de Lula e "ideológicos" como o PSOL.

Light. A proposta do governo encampa a janela de 30 dias para trocas de partido, seis meses antes da eleição. Traz ainda versão branda da chamada "lista suja", proibindo a candidatura só de condenados em segunda instância.

É festa 1. Candidato à presidência da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) mandou imprimir mil exemplares de uma revista de 16 páginas, em cores, com as realizações de sua passagem pelo comando da Casa (1997-2001).

É festa 2. Uma garrafa de champanhe acompanha cada convite para a comemoração, no final do mês em Teresina, dos 40 anos de Ciro Nogueira (PP-PI), outro que está em campanha pela cadeira de Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Visita à Folha. Arthur Sperandéo de Macedo, vice-reitor da FMU, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Sandoval Nassa, diretor de marketing e comunicação, e Thiago Nassa, coordenador de comunicação e imprensa.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O que PT e PC do B diziam ser o risco-Gabeira virou a realidade-Eduardo Paes. O Rio de Janeiro terá uma administração controlada pelo PSDB."

Do deputado federal CHICO ALENCAR (PSOL), candidato derrotado a prefeito, sobre a profusão de tucanos no secretariado do ex-tucano e neolulista Eduardo Paes (PMDB).

Contraponto

Matemática do cabide

Inconformado com a recém-imposta proibição ao nepotismo no Congresso, Mão Santa (PMDB-PI) subiu à tribuna do Senado para protestar. Começou por perguntar:
-Como é mesmo o nome do premiê britânico?
Socorrido por César Borges (PR-BA), prosseguiu:
-Pois bem, o Gordon Brown nomeou 160 pessoas. O Lula nomeou 50 mil. O Sarkozy, namorador, nomeou 450.
E finalizou, saindo em defesa da corporação:
-No Senado, alguém nomeou a mulher, o filho... e senador não pode! Então eu pergunto: a mulher não pode, mas e se quiser colocar a amante, pode?


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