São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

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Tarso agora vê "problema técnico" com a Satiagraha

Em julho, ministro elogiava o que via como "um trabalho brilhante de natureza técnica"

À época, petista já criticava vazamento, mas dizia que ele não invalidava trabalho; assessoria diz que agora existem novas informações


Lula Marques/Folha Imagem
O ILUMINADO
Corredor do 5º andar do hotel São Paulo Inn, no centro da cidade, onde policiais da PF se hospedaram durante investigações


MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Tarso Genro (Justiça) condenou ontem o que chamou de "espetacularização" da prisão de pessoas pela Operação Satiagraha e afirmou que isso causou um "problema técnico" para o inquérito, o que prejudicou o andamento das investigações.
"Essa investigação sobre quem vazou aquela Operação Satiagraha, porque vazou, expôs aquelas pessoas publicamente sem nenhum tipo de necessidade, o que causou inclusive um problema técnico para o inquérito. Eu sou contra qualquer tipo de espetacularização das investigações, sou contra a exposição pública das pessoas, porque as pessoas ainda não foram julgadas, e esta orientação da PF está funcionando de maneira eficaz. Houve uma exceção, a exceção da Satiagraha. E essa exceção prejudicou o andamento das investigações", afirmou ontem Tarso.
A Operação Satiagraha prendeu o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. As prisões foram registradas pela Rede Globo e um inquérito investiga o vazamento das informações. O inquérito também investiga como as informações sobre a investigação chegaram ao conhecimento da Folha, que revelou a preparação da Satiagraha em abril.
Depois, quando questionado mais uma vez sobre o prejuízo para as investigações da Satiagraha, Tarso disse que não haverá, já que a nova equipe que comanda a operação seria totalmente técnica e que "todos os elementos probatórios que estão sendo construídos agora estão livres de qualquer eventual vício que tenha ocorrido na coleta de provas anterior".
Também disse que "não tem idéia" do que deverá ser incluído como "informações obtidas de forma legal" nesse relatório.
Em entrevista em julho à Folha, o ministro havia dito que os equívocos da operação, em referência à espetacularização, não iriam comprometê-la, pois a "investigação foi muito bem-feita e as provas são robustas".
À época, ele afirmou ainda: "Protógenes fez um trabalho brilhante de natureza técnica, independentemente de ter cometido equívoco ou não".
A Folha tentou localizar novamente o ministro após a entrevista de ontem. Por meio de sua assessoria, Tarso informou que as declarações que ele havia dado em entrevista à Folha ocorreram há algum tempo e que agora começaram a aparecer mais informações às quais ele não tinha acesso à época.
Tarso não quis dar ontem detalhes sobre o inquérito que investiga Dantas, mas ressaltou que "um [inquérito] já está em andamento na Justiça, outro deverá estar em andamento imediatamente na Justiça, e outros ainda virão".
Sobre o material apreendido pela PF para apurar vazamentos de informações da operação, ele afirmou que todos os documentos só serão abertos na presença de representantes da Abin. A afirmação de Tarso foi dada depois de o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Jorge Felix, manifestar formalmente preocupação com as apreensões feitas pela PF. Entre os documentos há informações estratégicas usadas em relatórios confidenciais destinados à Presidência.
"Eu recebi pedido do ministro Felix, ele tem toda a razão dizendo que podem estar nas mãos da PF documentos que não são relacionados com o inquérito", disse Tarso.


Colaborou LETÍCIA SANDER , da Sucursal de Brasília


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