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Coordenador da Abin deu à PF nomes de arapongas
Medida gerou insatisfação dentro da própria agência
RUBENS VALENTE
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
A operação da Polícia Federal que, na semana passada,
apreendeu documentos e computadores em casas e locais de
trabalho de servidores da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência) fez estremecer as relações entre os dois órgãos. A
Abin e a associação de servidores reclamaram da exposição
de agentes e da apreensão indiscriminada de documentos.
Relatório que integra a investigação revela que partiram de
um alto funcionário da Abin os
nomes e lotações de servidores
da agência que passaram a ser
ouvidos pelo delegado da Corregedoria da PF que toca o inquérito, Amaro Vieira Ferreira.
Durante depoimento, o então coordenador de operações
de Contra-Espionagem da
Abin, José Ribamar Reis Guimarães, entregou à PF "uma tabela" com os nomes de pelo
menos 61 servidores da agência
que participaram da Operação
Satiagraha, alvo de investigação da Corregedoria.
Guimarães, segundo relatório da PF entregue à Justiça Federal, "tinha por responsabilidade todas as operações de
contra-espionagem da Abin,
cujos planos de operação fossem de Brasília".
De acordo com o relatório de
Amaro, Guimarães "apresentou relato coerente dos trabalhos realizados pelo pessoal da
Abin, nesse apoio à PF, tendo
identificado nominalmente os
servidores designados para o
trabalho, indicando inclusive
períodos de atuação, deixando
claro que houve mobilização de
diversos servidores, de diversas
unidades da Federação, para
compor equipes específicas".
A tabela relacionou servidores lotados nas superintendências da Abin de Brasília, PR,
MG, RS, PA, CE, BA, MA, RJ,
GO e MS.
Segundo o relatório da PF,
Guimarães passou a ajudar a
PF a partir de "determinação"
de seu superior, Paulo Maurício Fortunato Pinto, diretor do
departamento de Contra-Inteligência. Em depoimento à CPI
do Grampo, Pinto havia dito
que seu colega "foi a pessoa da
agência que coordenou os demais agentes no apoio dado ao
delegado Prótogenes Queiroz".
A partir da tabela com nomes
e locais, o delegado Amaro tomou o depoimento de três oficiais de inteligência, de dois
agentes de inteligência e de um
auxiliar administrativo da Abin
de Brasília; de um agente de
operações, um agente de inteligência e um auxiliar administrativo de Goiás; e, de um agente de informações e um auxiliar
da superintendência do RJ.
Procurada ontem por e-mail
e telefone, a assessoria de comunicação da Abin não havia
respondido, até o fechamento
desta edição, a um pedido de
esclarecimentos sobre o depoimento de Reis Guimarães.
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