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TRANSIÇÃO
Deputados concluem votação da minirreforma tributária e asseguram mais R$ 2 bilhões de arrecadação para PT
PFL perde, e Câmara mantém 27,5% do IR
LUCIO VAZ
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados concluiu ontem a votação da medida
provisória 66, que assegura uma
arrecadação adicional de cerca de
R$ 2 bilhões para o governo Luiz
Inácio Lula da Silva. A MP será
votada agora no Senado.
O plenário rejeitou destaque do
PFL contra a prorrogação da alíquota de 27,5% do IRPF (Imposto
de Renda da Pessoa Física) até o
final do próximo ano, garantindo
R$ 950 milhões extras ao novo governo. A alíquota do IR foi prorrogada com 265 votos a favor, 127
contra e 4 abstenções.
O PFL pediu a votação nominal
desse destaque para expor os congressistas que votaram a favor da
manutenção da carga tributária.
O partido também votou contra
a manutenção da alíquota de 9%
para a CSLL (Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido), mas sem
exigir votação nominal. A alíquota foi mantida, assegurando mais
R$ 1,1 bilhão ao governo Lula.
Para assegurar o apoio de quase
a totalidade dos partidos e evitar a
obstrução do PFL, o PT e o atual
governo usaram a MP 66 para
conceder benefícios fiscais a diversos setores da economia,
transformando a medida numa
espécie de "arca de Noé", como
afirmou o líder do PFL, Inocêncio
Oliveira (PE).
Partidos governistas aproveitaram a medida para promover a
reabertura do Refis, que refinancia dívidas com a Receita Federal
e o INSS, e implantar o Simples 3,
uma fórmula simplificada de pagamento de impostos para micro
e pequenas empresas.
Na sessão de ontem, o PFL conseguiu eliminar o artigo 56 da MP
66, que permitia ao comitê gestor
do Refis (Programa de Recuperação Fiscal) delegar competência
às autoridades administrativas da
Secretaria da Receita Federal, da
Procuradoria Geral da Fazenda e
do INSS para rejeitar a opção de
empresas pelo programa.
Poderão optar pelo Simples
agências de viagem e turismo,
centros de formação de condutores, corretagem de recursos, agências lotéricas, agências permissionárias dos correios e escritórios
de contabilidade, escolas de primeiro e segundo grau, cursos de
idiomas e empresas de softwares.
Foram incluídos na lista, a pedido
do PFL, os pequenos hospitais e
clínicas médicas.
O PFL também incluiu no projeto de conversão elaborado pelo
relator da MP 66, Benito Gama
(PMDB-BA), o dispositivo que
amplia de R$ 24 milhões para R$
48 milhões o limite de faturamento anual para que empresas possam optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido, mantendo a alíquota do PIS-Pasep em 0,65%. A última barganha do PFL foi a isenção do PIS/
Cofins para fornecedoras de energia elétrica à Eletronorte.
A pressão do ministro Pedro
Malan (Fazenda) resultou na manutenção do dispositivo que estabelece o fim da cobrança cumulativa do PIS-Pasep, um dos itens
previstos no acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional). A contribuição de 0,65% para cada fase da cadeia produtiva
será substituída pela alíquota única de 1,65%.
Após a votação da MP 66, a Câmara aprovou projeto de lei que
prorroga o fundo de compensações da Lei Kandir, que expira no
final do ano. Pelo regra em vigor,
eles teriam em 2003 cerca de R$
1,8 bilhão de compensação. Com
a prorrogação, essa quantia chegará a R$ 3,9 bilhões.
Os deputados aprovaram ainda
uma medida provisória que estende o seguro-desemprego para
trabalhadores resgatados na condição de escravo.
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