São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

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EU SOU VOCÊ AMANHÃ

"Nada é mais parecido com o governo do que a oposição no governo", diz líder do PSDB sobre PT

Em 99, Lula pediu "luta" contra os 27,5%

Alan Marques/Folha Imagem
Plenário da Câmara, ontem, durante a votação dos destaques da minirreforma tributária


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A votação da medida provisória 66 marcou a derrubada de mais uma das bandeiras do PT. Em agosto de 1999, Luiz Inácio Lula da Silva chegou a sugerir ao então presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), uma campanha contra a prorrogação da alíquota de 27,5% do IRPF -medida aprovada ontem.
"Acho que todo cidadão brasileiro deveria criar vergonha na cara e lutar contra isso", disse Lula, na época, acrescentando que o governo deveria cobrar mais impostos de banqueiros e de fazendeiros e não da classe média. A declaração foi feita uma semana depois da "Marcha dos 100 Mil", protesto contra o governo federal organizado pelos partidos de esquerda.
Informado sobre a declaração, o líder do PSDB, Jutahy Magalhães (BA), comentou: "Nada é mais parecido com o governo do que a oposição no governo. Se o PSDB fosse igual ao PT, sem nenhuma responsabilidade, votaria contra a prorrogação. Mas o nosso compromisso com a responsabilidade fiscal é maior".
Num canto do plenário, o líder do governo do Congresso, Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), criticou o comportamento de Lula. "A declaração é leviana, de alguém que queria ganhar a eleição de qualquer jeito. Agora, o partido começa a tomar posições mais realistas. Não sei como fica a cabeça do eleitor dele [de Lula]."
Após o discurso do líder do PT, João Paulo Cunha (SP), Virgílio decidiu se abster na votação do destaque sobre a prorrogação da alíquota de 27,5%. "Com essa declaração do Lula e mais o discurso do João Paulo, decidi me abster. O PT agora quer justificar sua mudança dizendo que o país vive o caos. Enquanto o PT não amadurecer politicamente, não terá o meu voto no Congresso."
A mudança vivida pelo PT também é sentida no PFL, mas no sentido inverso. Após criticar o aumento de impostos previsto na MP 66, anteontem, o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) desceu da tribuna sorridente e comentou: "Ser oposição é mais fácil. Serão quatro anos confortáveis".
O presidente nacional do PT, deputado José Genoino (SP), e o líder João Paulo não quiseram comentar a declaração feita por Lula três anos atrás. (LUCIO VAZ)


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