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Governo edita MPs "por falta de alternativa", afirma Bernardo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, disse ontem que
o governo tem editado MPs (medidas provisórias) para pagar despesas sociais e obrigatórias "por
falta de alternativa". Disse que, se
o Orçamento de 2006 não for
aprovado até o final deste ano no
Congresso, o governo terá de recorrer à edição de MPs para fazer
gastos no ano que vem.
Bernardo afirmou que o governo já prepara uma medida provisória no valor de R$ 7,13 bilhões
para pagar aposentadorias se o
Congresso não aprovar crédito
suplementar até o dia 20. Como
revelou ontem a Folha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
tem recorrido a MPs para quitar
despesas sociais e obrigatórias. O
governo já gastou R$ 2,8 bilhões,
pelo menos, com essa finalidade.
"O governo buscou a alternativa
constitucional que podia. O Congresso não aprovou projetos de
crédito suplementar enviados há
meses. O que podemos fazer? Não
pagar os aposentados? Não pagar
as famílias que recebem o Bolsa-Família? Não fazer repasses obrigatórios do SUS (Sistema Único
de Saúde) para os Estados?",
questionou o ministro.
Orçamento
Bernardo disse acreditar que
governo e oposição chegarão a
um acordo para votar ainda neste
ano o Orçamento. Mas fez uma
ressalva: "Fico alarmado quando
as pessoas dizem que não precisa
votar o Orçamento ainda neste
ano. Se não for possível, o governo poderá ter de recorrer a medidas provisórias para cumprir seus
compromissos".
É inédita a execução de gastos
sociais e despesas obrigatórias em
valores tão altos por meio de medidas provisórias. Isso porque a
crise política tirou força do Palácio do Planalto para aprovar projetos de crédito suplementar enviados ao Congresso há meses.
Pressionando por emendas parlamentares e cargos, o PMDB,
partido aliado a Lula, tem sido a
principal força política a boicotar
a aprovação de créditos suplementares na Comissão Mista de
Orçamento do Congresso.
A cada projeto de crédito suplementar enviado ao Legislativo, os
peemedebistas tentam desviar
parte dos recursos para pagamento de emendas parlamentares.
Como o Executivo resiste a fazê-lo, os líderes do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), e na Câmara, Wilson Santiago (PB), recomendam que suas bancadas
não aprovem os projetos e se
aliam à oposição para minar Lula.
(KA)
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