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TRE aprova contas de campanha de Serra
Eduardo Suplicy, Paulo Maluf, Aldo Rebelo e José Mentor também tiveram prestação liberada pelo tribunal de São Paulo
Interpretação de juízes é que
controladora ou subsidiária
de concessionária de serviço
público não está proibida
de doar para campanhas
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Num julgamento classificado
como "piloto", o TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) de São Paulo aprovou ontem as contas da
campanha do governador eleito José Serra (PSDB). Foram
cinco votos pela aprovação
-sendo um deles com ressalvas- e um pela rejeição. Como
a campanha foi beneficiada,
por exemplo, com R$ 700 mil
da Caemi Mineração e Metalurgia, controlada por uma concessionária de serviço público,
a decisão abriu um precedente
para os julgamentos seguintes.
O caso de Serra foi o primeiro
a ser julgado entre cem itens na
pauta do plenário. Pela interpretação dos juízes, controladoras ou subsidiárias de concessionárias de serviço público
não estariam proibidas de doar
por serem pessoas jurídicas
distintas. Os juízes rejeitaram o
relatório do desembargador
Marco César Müller Valente de
que controladora e concessionária representam o mesmo
grupo econômico.
"Vou cobrar royalties", brincou o advogado Arnaldo Malheiros, representante da campanha de Serra, ao ser cumprimentado por Fernando Amaral, advogado do PT.
Apesar do argumento do procurador-regional eleitoral, Mario Luiz Bonsaglia, de que a
Caemi "não passa de longa manus da empresa Companhia do
Vale do Rio Doce, concessionária de fato e de direito", venceu
a leitura de que a lei que proíbe
a colaboração de concessionárias não é extensiva a suas controladoras e subsidiárias.
Lendo trechos da decisão do
TRE-MG, também sobre as
doações da Caemi à campanha
de Aécio Neves, o juiz Paulo Alcides disse que seria "preciso
que o texto da lei fosse mais
amplo". O juiz Eduardo Muylaert disse que não há instrumentos legais para reprovar
doações dessas empresas, muitas colaboradoras em eleições
passadas. "O julgador não pode
pretender substituir o legislador", afirmou ele, apontando o
julgamento como "piloto".
Advogados presentes comemoraram a decisão. Representante do presidente da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), Hélio Silveira foi um deles. Aldo
também foi contemplado pela
Caemi e teve as contas de campanha aprovadas ontem.
Além da Caemi, o comitê financeiro de Serra contou com a
contribuição de R$ 100 mil da
Carioca Christiani Nielsen Engenharia -uma das empresas
controladoras do CRT (Consórcio Rio-Teresópolis)- e
R$ 1.000 da Norbrasil Saneamento, prestadora de serviços
de limpeza para o Estado.
Ressalva
Em seu voto, a juíza Salette
Nascimento concordou com o
argumento de que a doação impunha risco ao princípio da
moralidade. Mas, por conta dos
baixos valores, sugeriu a aprovação com ressalva.
O deputado José Mentor
(PT) foi o primeiro beneficiado
com a decisão. Embora tenha
recebido de uma empresa de
limpeza urbana, sua prestação
foi aprovada por unanimidade.
As contas do ex-prefeito de São
Paulo Paulo Maluf (PP) -que
registrou gastos de cerca de
R$ 19 mil para distribuição de
panfletos realizada por dez pessoas- também.
As contas do senador reeleito
Eduardo Suplicy (PT) foram
aprovadas, apesar de a área técnica apontar como "irrisórios"
os gastos declarados com pessoal para distribuição de panfletos. Até as 22h de ontem, foram rejeitadas as prestações de
contas de Renato Amary
(PSDB), Haifa Madi (PDT), Sílvio Torres (PSDB) e Paulo Renato (PSDB). O TRE detectou
outras irregularidades que não
doações via concessionárias.
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