São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

É guerra

Os sites de "Wall Street Journal" e "Financial Times" tratavam ontem de Brasil nas manchetes, mas nada de política nem sequer de política econômica. O foco era a empresa privada CSN, que fez proposta bilionária de compra da anglo-holandesa Corus horas depois da indiana Tata. As expressões usadas pelos mesmos e por sites de "New York Times" a "Guardian" começaram em "batalha", passaram por "escalada" e chegaram a "guerra aberta". "É guerra", bradou o site da revista "Forbes", em meio às centenas de posts. Na análise de um colunista do "FT", "as manhãs de segunda, tão depressivas, estão se tornando cruéis" (vicious). Ele destacou um "importante aspecto da batalha, a origem dos concorrentes: ambos são de mercados emergentes". Como sublinharam os relatos das bolsas, a "guerra" influenciou positivamente as européias e até, como noticiou o "WSJ", Wall Street.

BATALHA DE EGOS

Reprodução
Steinbruch no perfil do "FT"


A cobertura da "guerra" opôs não só Brasil e Índia, mas apontou "a batalha de egos" -a saber, "os respectivos líderes das duas", o indiano Radan Tata e o brasileiro Benjamin Steinbruch.
Na descrição de ontem do "FT", por exemplo, o primeiro "fala pouco" e é considerado conservador em suas ações como empresário. Já o segundo seria um "latin lover", segundo título no "Times" de Londres. E até "namorou uma Miss Brasil".

AMBICIOSO
Na BBC, que também dedicou longa cobertura à "guerra" pela Corus, Steinbruch foi descrito como "um homem muito ambicioso".
Esta e outras opiniões sobre o brasileiro ecoam um longo perfil publicado no "Financial Times" da semana passada (imagem acima). Sob o título "Steinbruch tenta novamente se tornar um jogador global" (global player), o texto acentua sua "personalidade combativa", mas é mais simpático a ele que os de ontem. Destaca, por exemplo, que a CSN se tornou a segunda empresa de aço mais lucrativa -ou mais eficiente- do mundo.

MAIS TIJOLOS
Por coincidência, o "International Herald Tribune" publicou ontem uma longa análise de Brasil e Índia, de um colunista da Bloomberg, William Pesek, sob o título "Construindo tijolos", num trocadilho com "brick" ou BRIC, o acrônimo para Brasil, Rússia, Índia e China.
A tese, em suma, é que o Brasil deve aprender com a Índia como crescer, e esta deve aprender com aquele como controlar a inflação.

"ACABOU. FINALMENTE."

Em destaque na home page do "New York Times", o blog The Lede acompanhou a reação à morte de Augusto Pinochet entre os blogs chilenos. Rosario Lizana, chilena do Global Voices Online, descreveu as ruas "elétricas" e a blogosfera local envolvida no debate sobre o "legado".
Para o Irreverencia, foi "data especial" e de "reflexão", que abre "um novo capítulo" no Chile. O blogueiro Martin postou: "Viva este momento como quiser. Afinal, ele será parte da história de nosso país para sempre. Mas acabou. Finalmente". E o Referente, do cientista político Patricio Navia, avisou que com a morte a "concertación", o acordo que uniu o país, perde agora sua "principal razão de ser".

TODOS À ESQUERDA...
E prossegue o debate sobre a "onda" da América Latina para a esquerda. Ontem foi a vez do francês "Le Monde", sob o título "Todos à esquerda, ou quase". A idéia é que são muitas esquerdas, não só duas. E elas podem ser divididas pelas origens, como a sindical no Brasil ou a militar na Venezuela, ou o controle dos legislativos, como na Argentina, em contraste com o Chile.

OU À DIREITA
Em meio ao impacto das eleições no hemisfério, o "NYT" apontou em título, no final da semana, que até o "Líder mexicano abraça políticas de seu oponente esquerdista".
Mas o "Miami Herald", na coluna de Andres Oppenheimer, tem outra teoria. Para ele, também em título, a "Esquerda latino-americana está pendendo para a direita" em sua maioria, não o contrário.


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@ - Nelson de Sá


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