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Governo cede, PMDB avaliza e Garibaldi deve presidir Senado
Senador potiguar disputa hoje a presidência como candidato
único; Planalto não conseguiu viabilizar candidatura de Sarney
Oposição fecha acordo com
peemedebista e reivindica
relatorias de projetos e MPs;
Sarney e Renan pediram que
cargos sejam mantidos
ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) consolidou
ontem seu nome como candidato do PMDB à presidência do
Senado numa articulação que
representou um enfraquecimento da influência do governo sobre a Casa, já que tentou
até o último momento emplacar o nome de José Sarney
(PMDB-AP).
Garibaldi derrotou Pedro Simon (RS) por 13 votos a 6 na
bancada e deve ter o nome confirmado como sucessor de Renan Calheiros (AL) em votação
secreta hoje, às 12h no plenário.
O Planalto cedeu porque a
oposição avisou que, entre as
opções colocadas, só aceitaria
apoiar Garibaldi. Se fosse Sarney, lançaria outro candidato, o
que tumultuaria o clima em
meio à votação da CPMF.
Garibaldi foi recebido pelo
presidente Lula ontem à tarde.
Para ser eleito, precisará dos
votos de metade mais um dos
presentes.
Afinados com o governo, Sarney e Calheiros, que haviam estimulado senadores a entrar na
disputa para tentar viabilizar
outro nome que não fosse o de
Garibaldi, decidiram trabalhar
pelo senador e abandonaram as
candidaturas de Neuto de Conto (SC), Leomar Quintanilha
(TO) e Valter Pereira (MS). Os
três se retiraram da disputa.
A Folha apurou que o apoio
de Sarney e Renan a Garibaldi
foi fechado depois de ele se
comprometer a não mudar
postos chaves da administração do Senado, controlados há
anos por Sarney. Ontem Garibaldi já esteve com o diretor
geral da Casa, Agaciel Maia, para avisar que ele fica no cargo.
"Perguntei ao Renan e ele me
disse: é o Garibaldi. Então votei
nele", disse Almeida Lima
(PMDB-SE), aliado de Renan.
Votaram com Simon, além
dele, apenas os senadores Gerson Camata (ES), Jarbas Vasconcelos (PE), Mão Santa (PI),
Geraldo Mesquita (AC) e Neuto de Conto (SC).
Em duas horas de reunião, o
clima esquentou quando Simon acusou Sarney de agir como um "serviçal" do Planalto.
Sarney se manteve calado. Só
respondeu quando acusado de
não aceitar disputar agora porque o mandato é de um ano.
"Não quero agora e também
não quero depois", teria respondido, segundo presentes.
Considerado influenciável
pela oposição, Garibaldi não
era o preferido do Planalto.
Mas Sarney se recusou a disputar por duas razões: 1) o líder do
PSDB, Arthur Virgílio (AM),
prometia disputar com ele; 2) o
mandato é de apenas um ano.
"Garibaldi era o nome que o
governo não queria, mas teve
que aceitar porque era o único
com trânsito na oposição", disse Flexa Ribeiro (DEM-PA).
Os líderes do DEM, José
Agripino (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM), condicionaram o apoio a Garibaldi ao
cumprimento de reivindicações que passam pelo rodízio
na indicação de relatores a projetos e medidas provisórias. "Se
não cumprir, a gente pode
transformar a vida dele num
inferno", alertou Virgílio.
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