São Paulo, quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

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Governo cede, PMDB avaliza e Garibaldi deve presidir Senado

Senador potiguar disputa hoje a presidência como candidato único; Planalto não conseguiu viabilizar candidatura de Sarney

Oposição fecha acordo com peemedebista e reivindica relatorias de projetos e MPs; Sarney e Renan pediram que cargos sejam mantidos

ANDREZA MATAIS
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) consolidou ontem seu nome como candidato do PMDB à presidência do Senado numa articulação que representou um enfraquecimento da influência do governo sobre a Casa, já que tentou até o último momento emplacar o nome de José Sarney (PMDB-AP).
Garibaldi derrotou Pedro Simon (RS) por 13 votos a 6 na bancada e deve ter o nome confirmado como sucessor de Renan Calheiros (AL) em votação secreta hoje, às 12h no plenário.
O Planalto cedeu porque a oposição avisou que, entre as opções colocadas, só aceitaria apoiar Garibaldi. Se fosse Sarney, lançaria outro candidato, o que tumultuaria o clima em meio à votação da CPMF.
Garibaldi foi recebido pelo presidente Lula ontem à tarde. Para ser eleito, precisará dos votos de metade mais um dos presentes.
Afinados com o governo, Sarney e Calheiros, que haviam estimulado senadores a entrar na disputa para tentar viabilizar outro nome que não fosse o de Garibaldi, decidiram trabalhar pelo senador e abandonaram as candidaturas de Neuto de Conto (SC), Leomar Quintanilha (TO) e Valter Pereira (MS). Os três se retiraram da disputa.
A Folha apurou que o apoio de Sarney e Renan a Garibaldi foi fechado depois de ele se comprometer a não mudar postos chaves da administração do Senado, controlados há anos por Sarney. Ontem Garibaldi já esteve com o diretor geral da Casa, Agaciel Maia, para avisar que ele fica no cargo.
"Perguntei ao Renan e ele me disse: é o Garibaldi. Então votei nele", disse Almeida Lima (PMDB-SE), aliado de Renan.
Votaram com Simon, além dele, apenas os senadores Gerson Camata (ES), Jarbas Vasconcelos (PE), Mão Santa (PI), Geraldo Mesquita (AC) e Neuto de Conto (SC).
Em duas horas de reunião, o clima esquentou quando Simon acusou Sarney de agir como um "serviçal" do Planalto. Sarney se manteve calado. Só respondeu quando acusado de não aceitar disputar agora porque o mandato é de um ano. "Não quero agora e também não quero depois", teria respondido, segundo presentes.
Considerado influenciável pela oposição, Garibaldi não era o preferido do Planalto. Mas Sarney se recusou a disputar por duas razões: 1) o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), prometia disputar com ele; 2) o mandato é de apenas um ano.
"Garibaldi era o nome que o governo não queria, mas teve que aceitar porque era o único com trânsito na oposição", disse Flexa Ribeiro (DEM-PA).
Os líderes do DEM, José Agripino (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM), condicionaram o apoio a Garibaldi ao cumprimento de reivindicações que passam pelo rodízio na indicação de relatores a projetos e medidas provisórias. "Se não cumprir, a gente pode transformar a vida dele num inferno", alertou Virgílio.


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