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Serra defende CPMF integral para a saúde
Governador afirma que, se Planalto aceitar que toda a arrecadação vá para a saúde, PSDB pode votar a favor do tributo
Declaração de tucano é recebida como oportunidade para tentar retomar um entendimento com o PSDB para votar a contribuição
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador de São Paulo, o
tucano José Serra, defendeu
ontem o voto do PSDB a favor
da CPMF caso o governo destine toda a arrecadação do imposto do cheque à área da saúde. A declaração ajuda o governo a sair do isolamento político
no imbróglio em que se transformou a prorrogação do tributo e reabre a chance de apoio
tucano à emenda.
"Se o governo concordar em
destinar toda a arrecadação da
CPMF à saúde, sem reduzir os
recursos que a área já tem de
outras fontes, o PSDB deveria
aprovar [a CPMF]", disse. Segundo Serra, poderia haver
"aumento gradual" até 2010.
O governador disse que proposta desse tipo destinaria à
saúde mais R$ 45 bilhões de
2008 a 2010. Na opinião do tucano, "seria uma conquista extraordinária para a saúde e melhoraria as condições de atendimento à população".
A declaração de Serra foi recebida ontem à noite no Planalto como oportunidade para
tentar retomar um entendimento com os tucanos, pois, na
prática e pela primeira vez, traduz concretamente os termos
de eventual acordo.
Para aprovar a CPMF, o governo precisa do apoio de 49
dos 81 senadores em dois turnos de votação. Com o fracasso
da operação de cooptação de
votos no varejo, a esperança do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e de seus principais auxiliares era um entendimento
com o PSDB.
O governador rebate, por
exemplo, o argumento de senadores do PSDB e do DEM de
que prorrogar a CPMF seria
dar mais de R$ 40 bilhões para
o presidente gastar no segundo
mandato com obras que alavancariam o sucesso eleitoral
do candidato lulista ao Palácio
do Planalto em 2010.
"Mais de 90% do orçamento
federal da saúde já é executado
por Estados e municípios",
afirmou o governador.
No formato atual, a alíquota
da CPMF é de 0,38%. A saúde
recebe 0,20 ponto percentual
desse tributo. Uma fatia de
0,08 ponto percentual é destinada ao fundo de combate à
pobreza (programas sociais). O
restante, 0,10 ponto percentual, vai para a Previdência.
Ao defender que a CPMF seja destinada à área, Serra ressaltou que o governo não poderia depois recorrer a manobra
orçamentária. Trocando em
miúdos: compensar o aumento
dos recursos que virão com a
CPMF tirando do Orçamento
fontes já asseguradas.
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