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ELIO GASPARI
Claudia Raia precisa ajudar Luciano Huck
Empurrar jornalista numa boca-livre em que se está protegido por seguranças particulares é covardia
QUEM CONTOU foi a repórter
Mônica Bergamo. O apresentador Luciano Huck foi à
boca-livre do show da banda Police,
incomodou-se com o trabalho da fotógrafa Audrey Furlaneto, resolveu
tirá-la da cena e, afastando a câmera,
empurrou-a. Sem que essa fosse sua
intenção, derrubou-a. Como ela lhe
disse em seguida, "muito gentil".
(Em versões posteriores, falsas, ele
teria "agredido" a fotógrafa.)
Huck estava num evento público,
convidado pelos patrocinadores do
show. Sabia que dividiria o tempo
com fotógrafos. Por conta da curiosidade que atrai, vestia a camiseta
destinada a divulgar as marcas de
quem providenciou o paganini do
espetáculo. Deliberadamente, enfeitava um lance de propaganda do
evento e dele próprio.
Se uma pessoa resolve ser uma
"celebridade" (seja o que for que isso
signifique), fotógrafos e jornalistas
passam a ser uma sarna em suas vidas. A rainha Elizabeth reclama
quando é obrigada a falar atrás de
pódios altos. O presidente americano Lyndon Johnson (1963-1969)
implicava com os fotógrafos e câmeras que mostravam o lado esquerdo
de rosto (como se naquela máscara
isso fizesse alguma diferença). Jacqueline Kennedy recorreu à Justiça
para impedir que o paparazzo Ron
Galella chegasse perto dela, mas
quem urdiu o cenário em que a madame aparecia pelada (de costas e de
frente) numa praia grega foi seu marido, Aristoteles Onassis. Será que
alguém é capaz de supor que Britney
Spears e Juliana Paes se esqueceram
de vestir a calcinha no dia em que foram fotografadas em circunstância
tão vulgar?
Os fotógrafos podem ser um estorvo, mas raramente são o problema. Sete paparazzi foram detidos
pela polícia francesa porque perseguiam o Mercedes da princesa Diana na noite parisiense. Sugeriu-se
que teriam provocado o acidente
que a matou, mas era seu motorista
quem dirigia com excesso de álcool
no sangue e de velocidade no motor.
O gosto pela exposição pública levou pessoas a vestir camisetas
monstruosas para irem ao show do
Police, mesmo não gostando da banda. Outra ânsia, a de ser uma supercelebridade, provoca surtos de impaciência. Fazem um tipo, pois
quem não quer aparecer, não aparece. Quando um fotógrafo invade o
espaço privado dos outros, a história
é outra. Marlon Brando quebrou o
queixo de Galella numa calçada de
Chinatown. (Acertou a conta com
um cheque de US$ 40 mil.)
Felizmente, Huck não tentou empurrar o bandido que lhe roubou o
Rolex numa esquina de São Paulo,
em outubro. Empurrar fotógrafa
numa boca-livre em que se está protegido por seguranças particulares é
covardia. Audrey Furlaneto, que o
exasperou, poderia dizer como ele:
"Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna".
Para surpresa dos curiosos, os políticos são geralmente mais delicados do que as celebridades. Huck é
uma pessoa gentil, mas poderia tomar umas aulas de bons modos com
Marta Suplicy. (Fotógrafos que a
acompanharam testemunham sua
paciência.) Se não quiser trocar de
ambiente, pode procurar Claudia
Raia e Edson Celulari, personagens
doces e serenos. Caso queira superar
o gênero arroz-de-festa, há o padrão
Claudia Abreu. Ela estava no show
do Police, mas separa sua vida pessoal das promoções, dos empreendimentos e das campanhas comerciais
de que participa. Tudo é uma questão de estilo.
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