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Justiça decreta prisão de seis por mortes na Syngenta
Ao todo, 19 foram denunciados pelo Ministério Público do PR
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
A Justiça do Paraná determinou a prisão de seis acusados de
envolvimento no conflito que
terminou com a morte de um
sem-terra e de um segurança
particular em unidade da multinacional Syngenta Seeds, em
Santa Tereza do Oeste (PR).
Em 21 de outubro, o sem-terra Valmir Mota de Oliveira, o
Keno, e o segurança Fábio Ferreira, da empresa NF Segurança, contratada pela Syngenta,
morreram em confronto armado entre seguranças e militantes da Via Campesina e do MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) durante
tentativa de invasão.
Ao todo, 19 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Estado -o dono da NF,
nove seguranças da empresa, o
presidente da Sociedade Rural
do Oeste do Paraná e oito sem-terra. Sem-terra e seguranças
são acusados de crimes como
formação de quadrilha, homicídio e lesões corporais graves.
O dono da NF Segurança,
três seguranças da empresa e
dois líderes sem-terra tiveram
as prisões decretadas. Dois seguranças e o dono da empresa
foram presos ontem.
O segurança Rodrigo Ambrósio, apontado como o autor do
disparo contra Keno, e os líderes sem-terra Celso Barbosa e
Célia Lourenço eram considerados foragidos até a tarde de
ontem. Barbosa, que está em
congresso na Indonésia, é
apontado como responsável
pela morte de Ferreira. Nenhum funcionário da Syngenta
é acusado na denúncia.
A Polícia Civil do Paraná havia pedido apenas as prisões do
dono da NF e dos seguranças. A
Promotoria decidiu denunciar
os sem-terra por entender que
o confronto ocorreu por disputa ideológica. O presidente da
Sociedade Rural do Oeste do
Paraná, Alessandro Meneghel,
foi denunciado por formação
de quadrilha e "exercício arbitrário das próprias razões".
Segundo a promotora Fernanda Garcez, as apurações indicaram conexão entre o confronto na Syngenta com a retirada, à força, de sem-terra da
fazenda Gaspareto, em Lindoeste (oeste do PR), em abril.
Meneghel teria contratado milícia armada para o despejo.
A NF Segurança sofre uma
investigação administrativa da
Polícia Federal. As investigações apontaram que a empresa
usava armas proibidas e contratava pessoas sem treinamento específico para a função.
A denúncia provocou críticas
dos dois lados da disputa. A Via
Campesina acusou a Promotoria de "criminalizar trabalhadores vítimas de um ataque".
Já Meneghel disse que a defesa contra invasões de terra
não é crime. "É um absurdo que
eu seja denunciado por defender direitos dos proprietários."
Representantes da NF Segurança não foram localizados.
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