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Direitos humanos dependem mais da família, diz brasileiro
Segundo pesquisa do governo, Estado fica em 3º no ranking dos garantidores desses direitos
Levantamento mostra que 43% concordam em parte ou totalmente com a expressão "bandido bom é bando morto" e 47% discordam
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A família e o esforço pessoal
são vistos pelos brasileiros como os principais garantidores
dos direitos humanos, deixando o Estado, na forma de ações
de governo na área, em terceiro
lugar no ranking. Além disso, os
brasileiros dizem apoiar políticas no setor, mas se mostram
intolerantes a garantias individuais dadas a detentos.
As conclusões estão em pesquisa encomendada pela Secretaria dos Direitos Humanos da
Presidência, realizada pela Criterium Avaliação de Políticas
Públicas e coordenada por Gustavo Venturi, professor de sociologia da USP. Foram ouvidas, em agosto, 2.011 pessoas
em 150 municípios do país.
Para o governo brasileiro, a
percepção é que, 60 anos após a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, a opinião pública tem majoritariamente
uma imagem positiva da área.
"A pergunta que eu mais festejei foi a que testa a visão de
que direitos humanos é defesa
de bandido. Ela aparece na mídia, no debate público, com
muito mais força do que na pesquisa", disse o ministro Paulo
Vannuchi (Direitos Humanos),
sobre dado segundo o qual só
8% avaliam que as políticas da
área servem só aos criminosos.
Mas o quadro não é róseo.
Parcela significativa dos entrevistados mostrou intolerância
ao se manifestar sobre frases
populares. Deles, 43% disseram concordar totalmente ou
em parte com a expressão
"bandido bom é bando morto".
O dado contrasta com a opinião de que a vida é o mais importante dos direitos humanos.
"Quando a pessoa fala que o direito à vida é o mais importante, está pensando na vida dela",
diz Venturi. Outros 34% corroboram a tese segundo a qual
"direitos humanos devem ser
só para pessoas direitas".
Apenas um terço da população diz que o direito dos presos
deve ser totalmente respeitados, já feita a ressalva de que
eles já têm restrições na liberdade de ir e vir.
Na avaliação de especialistas
no tema, os índices de violência
explicam em boa parte essas
reações. "Há uma situação de
muito desespero, de forma que
praticamente todas as políticas
de combate à violência têm
apoio da maioria, ainda que inspiradas em princípios contraditórios", diz Venturi.
Ilustra sua opinião o endosso
da população tanto à possibilidade de redução da pena de
presidiários por trabalho quanto ao endurecimento das condições dos detentos.
Homossexualidade
Em relação aos direitos sexuais, mais de um terço da população tem algum grau de
concordância com a frase "a
homossexualidade é uma
doença que precisa ser tratada". Por outro lado, o cenário fica mais favorável aos homossexuais quando os entrevistados
são indagados sobre questões
polêmicas relacionadas ao tema. A permissão para casais do
mesmo sexo adotarem crianças
tem o apoio de 48% -19% não
sabem ou não são nem a favor
nem contra. A união civil tem a
seu favor 42% das pessoas.
A percepção sobre os direitos
humanos varia de acordo com o
grau de instrução dos entrevistados. Para quem tem nível superior, as políticas de governo
são a principal garantia da efetivação dos direitos. A família
fica apenas em quarto lugar,
atrás também do acesso à Justiça e do esforço pessoal.
Já para os que têm só até a
quarta série, a família fica em
primeiro lugar, com 23 pontos
a mais que o governo.
Parte disso, segundo os especialistas, pode estar ligada à falta de formação e informação:
segundo o levantamento, 2 a
cada 5 brasileiros não sabem
apontar um direito humano assegurado pela Constituição.
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