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Para especialistas, família ocupa espaço do Estado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deficiências do Estado e violência doméstica são razões
apontadas por especialistas para o fato de a família ser considerada pela maioria dos brasileiros como o principal fator
para a garantia dos direitos.
"Quando alguém tem um
problema grave de saúde, pode
até recorrer ao Estado, mas
quem dá conta de todo o resto é
a família. (...) Não chegamos
nem perto de construir um Estado de bem-estar social", diz
Nancy Cardia, coordenadora
do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
Professor de direito da Fundação Getúlio Vargas e diretor
da Conectas Direitos Humanos, Oscar Vilhena Vieira diz
que, por um lado, a resposta indica ausência de noção clara de
cidadania e deveres do Estado.
Porém, aponta que a população assume a responsabilidade
pelo exercício dos direitos, já
que a violação deles, muitas vezes, ocorre dentro de casa, principalmente contra a mulher e
contra a criança. "Essa resposta, embora não seja óbvia, demonstra que as relações pessoais são uma questão central
dos direitos humanos."
Em relação à concordância
de parte expressiva dos entrevistados com frases como "bandido bom é bandido morto"
(43%), Vieira diz que se trata de
conseqüência do medo gerado
pela violência. Ele ressalta, porém, que os índices são próximos dos que medem a confiança das pessoas em outros valores democráticos.
Já coordenadora do NEV diz
que é preciso cuidado ao analisar a concordância com frases
populares. "São coisas que as
pessoas ouvem no dia a dia, e às
vezes, respondem de forma
mais mecânica", afirma.
(AP)
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