São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Para especialistas, família ocupa espaço do Estado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deficiências do Estado e violência doméstica são razões apontadas por especialistas para o fato de a família ser considerada pela maioria dos brasileiros como o principal fator para a garantia dos direitos.
"Quando alguém tem um problema grave de saúde, pode até recorrer ao Estado, mas quem dá conta de todo o resto é a família. (...) Não chegamos nem perto de construir um Estado de bem-estar social", diz Nancy Cardia, coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
Professor de direito da Fundação Getúlio Vargas e diretor da Conectas Direitos Humanos, Oscar Vilhena Vieira diz que, por um lado, a resposta indica ausência de noção clara de cidadania e deveres do Estado.
Porém, aponta que a população assume a responsabilidade pelo exercício dos direitos, já que a violação deles, muitas vezes, ocorre dentro de casa, principalmente contra a mulher e contra a criança. "Essa resposta, embora não seja óbvia, demonstra que as relações pessoais são uma questão central dos direitos humanos."
Em relação à concordância de parte expressiva dos entrevistados com frases como "bandido bom é bandido morto" (43%), Vieira diz que se trata de conseqüência do medo gerado pela violência. Ele ressalta, porém, que os índices são próximos dos que medem a confiança das pessoas em outros valores democráticos.
Já coordenadora do NEV diz que é preciso cuidado ao analisar a concordância com frases populares. "São coisas que as pessoas ouvem no dia a dia, e às vezes, respondem de forma mais mecânica", afirma. (AP)


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