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Infarto mata ministro da Saúde Jamil Haddad, aos 83 anos, no Rio
Lula lembra que médico foi responsável por chegada dos genéricos ao país
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Prefeito do Rio, senador, ministro da Saúde, o médico e presidente de honra do PSB, Jamil
Haddad, morreu ontem de madrugada em sua casa na Tijuca
(zona norte). Ele sofreu um infarto. Tinha 83 anos.
Em nota, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva classificou
Haddad como um exemplo de
"coerência" e lembrou que foi
ele o introdutor no país dos medicamentos genéricos -uma
das bandeiras do governador
José Serra, pré-candidato do
PSDB à Presidência, que, quando ministro da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso, impulsionou a produção e a
venda desses remédios no país.
"Sempre colocou a defesa da
liberdade, da democracia, dos
direitos dos trabalhadores e
dos interesses do nosso país em
primeiro plano", afirmou Lula.
Ainda segundo a nota do presidente, Haddad teve "atuação
destacada contra a ditadura militar". "Teve os direitos políticos cassados durante dez anos e
voltou com a mesma disposição
de trabalhar pelo país e pelo seu
povo. Como ministro da Saúde,
assinou o decreto dos genéricos, que até hoje salva muitas
vidas devido à ampliação do
acesso aos medicamentos."
A ministra interina da Saúde,
Márcia Bassit, considerou a
morte de Haddad "uma perda
inestimável". "Foi um dos
grandes defensores das políticas de inclusão social e um ardoroso defensor do SUS, construindo a política dos medicamentos genéricos."
O vice-presidente José Alencar também enalteceu o ex-ministro, "um grande cidadão
brasileiro, exemplo de comportamento, um homem de bem".
O governador do Rio, Sérgio
Cabral Filho (PMDB), decretou
luto de três dias no Estado.
Eduardo Campos, presidente
do PSB e governador de Pernambuco, definiu Haddad como um "político corajoso" que
implantou os genéricos, combatendo a grande indústria farmacêutica.
O corpo do ex-ministro foi
enterrado no Cemitério São
João Batista, na zona sul. Ele
deixou a viúva Aída Gomes
Haddad. O casal não teve filhos.
Haddad ingressou na política
em 1962, quando se elegeu deputado estadual pela Guanabara, pelo PSB. Em 1966, foi reeleito pelo MDB, mas não completou o mandato, pois, em
1969, teve seus direitos políticos cassados por dez anos. Haddad chegou a ser preso no Rio.
O reingresso na política se
deu em 1979, com a criação do
PDT por Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul,
de volta ao Brasil após o exílio.
Ao vencer em 1982 a eleição
para o governo do Estado do
Rio, o líder pedetista indicou
Haddad para o cargo de prefeito do Rio, que exerceu de março
a dezembro de 1983. Naquela
época não havia eleição direta
para a prefeitura das capitais.
Em 1985, Haddad assumiu
uma vaga no Senado, já filiado
ao PSB, que presidiu de 1986 a
1993. Em 1990, elegeu-se deputado federal. Dois anos depois,
Itamar Franco o nomeou para
o Ministério da Saúde. Em 1998
elegeu-se para a Assembleia
Legislativa do Rio. Em 2003, no
primeiro governo Lula, dirigiu
o Instituto Nacional do Câncer.
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