São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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Infarto mata ministro da Saúde Jamil Haddad, aos 83 anos, no Rio

Lula lembra que médico foi responsável por chegada dos genéricos ao país

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Prefeito do Rio, senador, ministro da Saúde, o médico e presidente de honra do PSB, Jamil Haddad, morreu ontem de madrugada em sua casa na Tijuca (zona norte). Ele sofreu um infarto. Tinha 83 anos.
Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou Haddad como um exemplo de "coerência" e lembrou que foi ele o introdutor no país dos medicamentos genéricos -uma das bandeiras do governador José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, que, quando ministro da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso, impulsionou a produção e a venda desses remédios no país.
"Sempre colocou a defesa da liberdade, da democracia, dos direitos dos trabalhadores e dos interesses do nosso país em primeiro plano", afirmou Lula.
Ainda segundo a nota do presidente, Haddad teve "atuação destacada contra a ditadura militar". "Teve os direitos políticos cassados durante dez anos e voltou com a mesma disposição de trabalhar pelo país e pelo seu povo. Como ministro da Saúde, assinou o decreto dos genéricos, que até hoje salva muitas vidas devido à ampliação do acesso aos medicamentos."
A ministra interina da Saúde, Márcia Bassit, considerou a morte de Haddad "uma perda inestimável". "Foi um dos grandes defensores das políticas de inclusão social e um ardoroso defensor do SUS, construindo a política dos medicamentos genéricos."
O vice-presidente José Alencar também enalteceu o ex-ministro, "um grande cidadão brasileiro, exemplo de comportamento, um homem de bem".
O governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), decretou luto de três dias no Estado.
Eduardo Campos, presidente do PSB e governador de Pernambuco, definiu Haddad como um "político corajoso" que implantou os genéricos, combatendo a grande indústria farmacêutica.
O corpo do ex-ministro foi enterrado no Cemitério São João Batista, na zona sul. Ele deixou a viúva Aída Gomes Haddad. O casal não teve filhos.
Haddad ingressou na política em 1962, quando se elegeu deputado estadual pela Guanabara, pelo PSB. Em 1966, foi reeleito pelo MDB, mas não completou o mandato, pois, em 1969, teve seus direitos políticos cassados por dez anos. Haddad chegou a ser preso no Rio.
O reingresso na política se deu em 1979, com a criação do PDT por Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul, de volta ao Brasil após o exílio.
Ao vencer em 1982 a eleição para o governo do Estado do Rio, o líder pedetista indicou Haddad para o cargo de prefeito do Rio, que exerceu de março a dezembro de 1983. Naquela época não havia eleição direta para a prefeitura das capitais.
Em 1985, Haddad assumiu uma vaga no Senado, já filiado ao PSB, que presidiu de 1986 a 1993. Em 1990, elegeu-se deputado federal. Dois anos depois, Itamar Franco o nomeou para o Ministério da Saúde. Em 1998 elegeu-se para a Assembleia Legislativa do Rio. Em 2003, no primeiro governo Lula, dirigiu o Instituto Nacional do Câncer.


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