São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 1998

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Ex-ministro diz não gostar de Jereissati

da Sucursal do Rio

O ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros disse, em depoimento ao Ministério Público Federal no Rio, que não gosta do empresário Carlos Jereissati por causa de seus "métodos empresariais", mas não se considera inimigo dele.
Anteontem, diante dos procuradores, Mendonça de Barros repetiu as afirmações que tem feito sobre Jereissati e o grampo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social): disse que "há uma coincidência no tempo entre as suas divergências com Jereissati e o aparecimento das fitas".
Mendonça de Barros dedicou-se a explicar o significado da expressão "preferência", usada por ele no depoimento ao Senado para se referir ao consórcio liderado pelo Opportunity na disputa pela Tele Norte Leste: disse que buscava retratar um julgamento pessoal e que isso não se traduziu em atos de favorecimento.
Afirmou também que lhe parecia que faltava ao consórcio vitorioso (o Telemar, de Jereissati) "homogeneidade de objetivos". Segundo o ministro, a Tele Norte Leste era "objeto de preocupação" porque agregava grande número de operadoras e porque, incluindo as operadoras da região amazônica, exigiria investimentos muito altos.
O ex-ministro negou vários diálogos captados pelo grampo, entre eles, uma conversa com seu irmão, José Roberto, na qual mencionava a formação de consórcios para a disputa do leilão da Telebrás.
Disse que, ao conversar com o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira sobre a concessão de carta de fiança ao Opportunity, não foi incisivo nem fez sugestões. No diálogo grampeado, Mendonça de Barros pede a Oliveira que dê a carta, e este responde que já forneceu a fiança.
O ex-ministro disse também que, ao conversar com o ex-presidente da Previ Jair Bilachi sobre a formação do consórcio, soube que havia "problemas" normais na transação e que não tomou nenhuma providência sobre isso.
O ex-presidente do BNDES André Lara Resende, que também depôs anteontem no Ministério Público, disse que, até o leilão, não tinha preferência por nenhum consórcio. Após o leilão teve a impressão de que o consórcio vitorioso poderia ser mais bem organizado.
Lara Resende disse que, ao saber por Bilachi dos "obstáculos" para a formação dos consórcios, informou-se sobre quais seriam eles para saber se o BNDES poderia "colaborar" para a solução do problema -colaboração que, segundo ele, não se concretizou.
O inquérito civil público aberto pelos procuradores investiga indícios de improbidade administrativa na condução do leilão e suposto favorecimento a grupos privados no processo. O empresário Carlos Jereissati também será ouvido. (FE)



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