São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 2003

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CONGRESSO

Certo da vitória de José Sarney no Senado, governo defende Renan para a liderança da bancada peemedebista

PT acena com compensações para PMDB

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Certa de que o senador José Sarney (PMDB-AP) vencerá a disputa pela presidência do Senado e de que o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) ficará com a presidência da Câmara, a cúpula do PT acenou nos últimos dias com uma espécie de compensação à ala peemedebista que pode ser derrotada nessas disputas.
A se confirmar a previsão petista para a eleições das presidências das duas Casas do Congresso, que se realizam no dia 1º de fevereiro, os maiores perdedores do PMDB serão Renan Calheiros (AL) e Geddel Vieira Lima (BA), líderes da sigla no Senado e na Câmara.
Na última quinta-feira, dia 9, durante uma reunião-jantar com mais de dez ministros e líderes petistas no Palácio da Alvorada, junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficou decidido que o PT não deve tripudiar sobre os peemedebistas que sejam eventualmente derrotados.
A cúpula do PT está emitindo sinais para Renan de que ele poderá perder para José Sarney, dentro da bancada do PMDB, a indicação para disputar a presidência do Senado. Seria uma derrota humilhante: Calheiros ficaria inviabilizado até mesmo para permanecer líder de seu partido.
Para evitar esse constrangimento, o PT deseja que Calheiros decida apoiar Sarney e faça um acordo para ficar como líder do PMDB no Senado. Como compensação, o senador alagoano também receberia a presidência de uma comissão permanente de trabalho (fala-se nos bastidores na Comissão de Relações Exteriores) e a garantia de que será o relator de uma das reformas importantes do governo Lula.
A derrota da candidatura de Renan para Sarney também colocaria Geddel em situação desconfortável na bancada do PMDB, que elegeu 74 deputados que tomam posse em 1º de fevereiro.
O PT espera que Geddel ceda a liderança do PMDB na Câmara para um parlamentar com trânsito nas duas alas do partido, uma pró-Lula e outra, minoritária, favorável a que o partido fique na oposição. O nome mais citado é o de Eunício Oliveira (PMDB-CE).
A Geddel caberia uma vaga de destaque na Mesa Diretora da Câmara -possivelmente, a Primeira Secretaria. O cargo pertence, pela proporcionalidade das bancadas, ao PFL. Mas os pefelistas pensam em trocar essa vaga pela de primeiro vice-presidente.
Indagados pela Folha a respeito dessa nova movimentação do PT, tanto Geddel como Calheiros reagiram com negativas. "A candidatura de José Sarney não é partidária. É pessoal. Tenho segurança de que serei indicado pela bancada para concorrer a presidente do Senado. Aproveito para dizer que a direção do PMDB decidiu antecipar a reunião da bancada para escolher quem será o candidato. Seria no final do mês, mas achamos que pode ser feita já em torno do dia 20", declarou Calheiros.
Geddel disse que chegou a pensar em não disputar a reeleição para o cargo de líder. "Mas isso já faz algum tempo. Minha disposição hoje é a de postular a permanência na liderança. É claro que isso depende do sentimento da bancada e não é algo que esteja em negociação", disse.
Sempre um crítico do governo Lula dentro do PMDB, Geddel diz que uma derrota de seu grupo não seria facilmente assimilada: "O PT precisa entender que as eleições para as presidências da Câmara e do Senado não terminam em 1º de fevereiro. Podem-se criar sequelas para o dia em que o presidente Lula não estiver mais com popularidade para cumprimentar pessoas na calçada".



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