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CONGRESSO
Certo da vitória de José Sarney no Senado, governo defende Renan para a liderança da bancada peemedebista
PT acena com compensações para PMDB
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Certa de que o senador José Sarney (PMDB-AP) vencerá a disputa pela presidência do Senado e de
que o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) ficará com a
presidência da Câmara, a cúpula
do PT acenou nos últimos dias
com uma espécie de compensação à ala peemedebista que pode
ser derrotada nessas disputas.
A se confirmar a previsão petista para a eleições das presidências
das duas Casas do Congresso, que
se realizam no dia 1º de fevereiro,
os maiores perdedores do PMDB
serão Renan Calheiros (AL) e
Geddel Vieira Lima (BA), líderes
da sigla no Senado e na Câmara.
Na última quinta-feira, dia 9,
durante uma reunião-jantar com
mais de dez ministros e líderes petistas no Palácio da Alvorada, junto com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, ficou decidido que o
PT não deve tripudiar sobre os
peemedebistas que sejam eventualmente derrotados.
A cúpula do PT está emitindo
sinais para Renan de que ele poderá perder para José Sarney,
dentro da bancada do PMDB, a
indicação para disputar a presidência do Senado. Seria uma derrota humilhante: Calheiros ficaria
inviabilizado até mesmo para
permanecer líder de seu partido.
Para evitar esse constrangimento, o PT deseja que Calheiros decida apoiar Sarney e faça um acordo para ficar como líder do
PMDB no Senado. Como compensação, o senador alagoano
também receberia a presidência
de uma comissão permanente de
trabalho (fala-se nos bastidores
na Comissão de Relações Exteriores) e a garantia de que será o relator de uma das reformas importantes do governo Lula.
A derrota da candidatura de Renan para Sarney também colocaria Geddel em situação desconfortável na bancada do PMDB,
que elegeu 74 deputados que tomam posse em 1º de fevereiro.
O PT espera que Geddel ceda a
liderança do PMDB na Câmara
para um parlamentar com trânsito nas duas alas do partido, uma
pró-Lula e outra, minoritária, favorável a que o partido fique na
oposição. O nome mais citado é o
de Eunício Oliveira (PMDB-CE).
A Geddel caberia uma vaga de
destaque na Mesa Diretora da Câmara -possivelmente, a Primeira Secretaria. O cargo pertence,
pela proporcionalidade das bancadas, ao PFL. Mas os pefelistas
pensam em trocar essa vaga pela
de primeiro vice-presidente.
Indagados pela Folha a respeito
dessa nova movimentação do PT,
tanto Geddel como Calheiros reagiram com negativas. "A candidatura de José Sarney não é partidária. É pessoal. Tenho segurança de
que serei indicado pela bancada
para concorrer a presidente do
Senado. Aproveito para dizer que
a direção do PMDB decidiu antecipar a reunião da bancada para
escolher quem será o candidato.
Seria no final do mês, mas achamos que pode ser feita já em torno
do dia 20", declarou Calheiros.
Geddel disse que chegou a pensar em não disputar a reeleição
para o cargo de líder. "Mas isso já
faz algum tempo. Minha disposição hoje é a de postular a permanência na liderança. É claro que
isso depende do sentimento da
bancada e não é algo que esteja
em negociação", disse.
Sempre um crítico do governo
Lula dentro do PMDB, Geddel diz
que uma derrota de seu grupo
não seria facilmente assimilada:
"O PT precisa entender que as
eleições para as presidências da
Câmara e do Senado não terminam em 1º de fevereiro. Podem-se
criar sequelas para o dia em que o
presidente Lula não estiver mais
com popularidade para cumprimentar pessoas na calçada".
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