São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

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ITAMARATY

Exame de língua inglesa deixará de ser eliminatório

Portaria autoriza novas regras no próximo concurso para diplomata

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério das Relações Exteriores realizará neste ano o primeiro concurso para o ingresso na carreira de diplomata com novas regras para a prova de inglês, que deixa de ser eliminatória e passa a classificar os candidatos.
O objetivo da mudança, segundo o Itamaraty, é tornar o concurso menos elitista. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, as atuais regras tendem a privilegiar filhos de diplomatas e pessoas que moraram no exterior. A prova de inglês é eliminatória desde 1996, quando a prova de francês perdeu esse caráter.
A mudança foi feita por meio de portaria, publicada em 7 de dezembro. O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) havia anunciado em outubro as alterações, detalhadas à época em uma reportagem da Folha.
Ontem, Amorim voltou a defender as mudanças após participar de reunião do Conselho de Segurança da ONU. "O inglês não vai deixar de ser uma condição indispensável. Mas vocês vêem que hoje eu falei em espanhol [no Conselho]. É importante falar não só inglês mas outras línguas também. Agora, não há porque fazer disso um requisito prévio em benefício daqueles que por uma chance da vida ou moraram no exterior ou os pais têm posses suficientes para que, além dos cursos normais, tenham tido cursos especiais em língua estrangeira."
Pelas regras estabelecidas pela portaria 467, a prova de inglês passará a ter o mesmo status das provas realizadas na terceira fase do concurso, ou seja, a pontuação será classificatória e servirá para compor a média do candidato.
"Isso não significa que a pontuação necessária em inglês para ingressar na carreira não terá que ser alta", disse o chefe da assessoria de imprensa do Itamaraty, ministro Ricardo Neiva Tavares.
A partir do próximo concurso, que ainda aguarda edital e deve ocorrer em março, a primeira fase será composta por um teste eliminatório de pré-seleção, que inclui questões de português, história do Brasil, história geral e geografia. Candidatos que tiverem nota inferior à estabelecida pelo edital não poderão continuar.
Na segunda fase, os candidatos farão prova escrita de português, também eliminatória. Na terceira fase, apenas classificatória, as provas escritas serão de história do Brasil, geografia, política internacional, direito, economia, inglês e francês ou espanhol. Nesta fase será estabelecida uma nota mínima para o conjunto das provas.
Para o Itamaraty, a mudança tem o objetivo de eliminar distorções. Como exemplo dessas distorções, o Itamaraty cita candidatos que tiveram nota 48 na prova de inglês, quando a nota de corte era 50, e notas máximas nas demais matérias, mas foram eliminados, enquanto candidatos com nota máxima em inglês e notas médias nas demais matérias ingressaram na carreira.


Colaborou LUCIANA COELHO, de Nova York


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