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RUMO A 2006
Assinaturas favoráveis à formação do Partido Municipalista Renovador foram recolhidas na saída de cultos da igreja
Igreja Universal vai criar partido político
RAFAEL CARIELLO
DA SUCURSAL DO RIO
A Igreja Universal do Reino de
Deus iniciou os trabalhos para a
criação de um partido político
controlado pelos bispos da denominação religiosa, o PMR (Partido Municipalista Renovador).
A Folha apurou que as assinaturas necessárias para a criação do
novo partido (cerca de 400 mil)
foram colhidas nas portas de templos da Universal, ao final de cultos. A empreitada é dirigida atualmente pelo pastor Vitor Paulo
Araújo dos Santos, ligado à igreja.
Santos aparece como requerente do registro provisório do Partido Municipalista Renovador em
dois pedidos feitos a Tribunais
Regionais Eleitorais em 2004 a
que a Folha teve acesso -de São
Paulo e de Roraima. Assessores
do pastor em São Paulo, procurados pela reportagem, afirmaram
que Santos é o "presidente" do
PMR -que, no entanto, ainda
não teve pedido de registro feito
ao Tribunal Superior Eleitoral.
Um político ligado ao PL e à
Universal afirma que o partido
"cresceu com a entrada da igreja",
mas que, depois do inchaço da sigla após a vitória de Lula (elegeu
26 deputados, e agora tem 46), "o
PL já pode prescindir da Universal". Politicamente, o partido está
maior que a força política da igreja, analisa. Dos 18 deputados eleitos vinculados à Universal, nove
pertenciam ao PL.
O partido começou a ser organizado em 2003 pelo deputado federal Carlos Alberto Rodrigues (PL-RJ), ex-bispo da Universal, que se
afastou da função após deixar o
comando político da igreja, em
2004. Rodrigues foi afastado pela
Universal após ser divulgado que
havia feito indicações para a Loteria do Estado do Rio de Janeiro
quando a autarquia era presidida
pelo ex-subchefe de Assuntos
Parlamentares da Presidência
Waldomiro Diniz -acusado de
extorsão e tráfico de influência.
O crescimento do PL (que abriga o maior número de deputados
ligados à igreja), que teria diminuído o poder de influência da
Universal na sigla, e as resistências de outras legendas a aceitarem seus candidatos estão entre
as causas apontadas para a criação da nova sigla.
Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, diz ter sido
avisado por Rodrigues. "O bispo
Rodrigues começou [a criação].
Ele me falou: "Tenho que fazer um
partido". E eu falei: "Tem mesmo,
senão o sr. não vai mais conseguir
eleger o seu pessoal". Tem que ter
um partido de apoio para ter o
que oferecer aos outros partidos,
senão não vão aceitar vocês
mais", afirmou Costa Neto.
Segundo Costa Neto, políticos
da denominação "já não estão encontrando lugar" entre os partidos, embora diga que são bem-vindos no PL. Os parlamentares
da Universal muitas vezes defendem "os interesses da igreja" e
não dos partidos a que estão filiados, diz ainda o presidente do PL.
Segundo um político próximo à
Universal, a idéia é que o novo
partido faça uma "engenharia política" para atrair outros segmentos da sociedade.
A antropóloga Clara Mafra,
professora da Uerj (Universidade
do Estado do Rio de Janeiro) e assessora do Censo 2000 do IBGE
para religião, diz que, caso o partido se restrinja à vinculação com a
Universal, estará "fadado ao fracasso". Uma instituição de cunho
político, diz, "deve ser uma representação alargada da sociedade".
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