São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

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LEGISLATIVO

Para Banco, doação faz parte de acordo e é legal

Bradesco dá 63 carros, avaliados em R$ 3 mi, para deputados baianos

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Em troca da manutenção da conta da Assembléia Legislativa, o Bradesco deu um Focus sedã completo (avaliado em R$ 46 mil) para cada um dos 63 deputados estaduais da Bahia. No total, o banco gastou R$ 2,998 milhões com a aquisição dos carros, segundo a Assembléia.
"Nós apenas aderimos a um acordo feito pelo governo da Bahia, Poder Judiciário, Tribunal de Contas do Estado e pelo Tribunal de Contas do Município", disse o presidente da Assembléia, Carlos Gaban (PFL). O acordo foi revelado ontem pelo jornal "Correio da Bahia". Antes, apenas os oito deputados da mesa diretora e os líderes de partidos tinham direito carros oficiais.
"Cada deputado pode utilizar o seu automóvel apenas a trabalho. Para evitar problemas, pedi a instalação de placas pretas, medida que facilita a identificação", disse Gaban. No entanto, o Focus dado ao deputado Luiz Argolo (PP) estava parado na manhã de ontem, sem placa, na Assembléia.
Carlos Gaban disse que o acordo entre o Bradesco e o governo da Bahia foi feito há mais de cinco anos, quando o banco comprou o extinto Baneb (Banco do Estado da Bahia). "Como os postos do Bradesco estão instalados em locais públicos, a diretoria do banco ofereceu uma contrapartida."
O deputado Álvaro Gomes (PC do B) disse que os deputados precisam ter condições de trabalho. "O que não podemos é utilizar os automóveis para uso próprio."
O Bradesco informou que os carros cedidos integram a "renovação de contrato com o Estado da Bahia, ampliado ao Poder Legislativo, em decorrência do contrato de prestação de serviços firmado com o Estado, no período da privatização do Baneb". O banco disse que os "bens em questão são patrimônio exclusivo da Assembléia Legislativa" e que o contrato está de acordo com a legislação em vigor.
Além dos carros, os deputados baianos interromperam as suas férias nesta semana para ganhar R$ 28.620 por 20 dias de trabalho para analisar nove projetos.
O deputado José Neto (PT) criticou o autoconvocação. "Não existe nenhum projeto de relevância para ser votado com urgência. Isso é uma vergonha e quem vai pagar a conta é a população", disse.


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