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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/HORA DAS CASSAÇÕES
Pela 2ª vez, ordem de votação dos processos de cassação é alterada; por ter sido notificado antes dos outros, Wanderval Santos foi para o topo da lista
Deputado do PL será o primeiro a ser julgado
SILVIO NAVARRO
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após a polêmica causada pela
manobra do deputado Pedro
Corrêa (PP-PE) que alterou a ordem de votações dos processos de
cassação de mandato, o Conselho
de Ética da Câmara comunicou
ontem a Wanderval Santos (PL-SP) o encerramento do seu processo e acabou alçando o deputado do PL para o primeiro lugar da
fila dos 11 parlamentares que enfrentarão o plenário.
O anúncio da conclusão do caso
de Wanderval foi feito ontem pela
manhã, no início da sessão do
conselho, pelo relator Chico Alencar (PSOL-RJ). Logo em seguida,
o advogado Marcelo Bessa, que
defende Wanderval, foi notificado oficialmente. Bessa acompanhava a sessão.
Pela ordem traçada pelo conselho, o processo do deputado do
PL deveria ser o segundo da lista
dos 11 deputados ameaçados de
cassação, depois do de Roberto
Brant (PFL-MG), cuja chamada
fase de instrução terminou anteontem. O fato de Brant encabeçar a fila, entretanto, irritou alguns integrantes do conselho, que
trabalham nos bastidores para
tentar absolvê-lo no plenário.
Como até o instante em que foi
anunciado oficialmente o término do processo de Wanderval
nem Brant nem seus advogados
haviam sido notificados, haverá
uma nova alteração na ordem de
votação dos processos.
"O Wanderval foi o primeiro
deputado notificado, por isso pode ser o primeiro a ter o processo
votado", disse o presidente do
conselho, Ricardo Izar (PTB-SP).
Os 11 deputados ameaçados de
perder o mandato por envolvimento no escândalo do "mensalão" temem que o primeiro a passar pelo plenário sofra os efeitos
negativos da absolvição de Romeu Queiroz (PTB-MG), em dezembro. "De fato há uma preocupação dos deputados em não ser o
primeiro porque o plenário vai se
vingar", disse Chico Alencar.
Wanderval é acusado de ser beneficiário de R$ 150 mil das contas
do empresário mineiro Marcos
Valério de Souza, apontado como
o operador do "mensalão". O dinheiro foi sacado por um funcionário do seu gabinete. O deputado argumenta que os recursos foram sacados a mando de Carlos
Rodrigues (PL-RJ), que renunciou ao mandato.
"Se fizeram uma manobra eu
não sei, porque na minha opinião
é um processo fácil, cujo caminho
é a absolvição", afirmou o advogado de Wanderval.
Além do término do caso de
Wanderval, o deputado Pedro
Canedo (PP-GO) também comunicou o encerramento do processo contra Professor Luizinho (PT-SP), que deverá ser o primeiro dos
cinco petistas a ser julgado pelo
plenário da Câmara.
No entanto, ao anunciar que seu
parecer estava pronto, Canedo
pediu a Izar que não marcasse data para a leitura do texto. Ele tem
prazo de até cinco sessões para
anunciar seu voto. Segundo
membros do conselho, Canedo
estaria revendo sua decisão de
poupar Luizinho da cassação e,
portanto, dando mais tempo para
que o petista buscasse apoio para
reverter o resultado quando fosse
para o plenário.
Foi a segunda alteração consecutiva no calendário programado
por Izar, que havia anunciado no
início da semana que o processo
de Pedro Corrêa seria o primeiro
da fila. O cronograma de Izar naufragou, entretanto, devido a uma
articulação de Corrêa, que conseguiu remarcar o depoimento de
sua última testemunha, atrasando
o desfecho do processo -ele deverá ser o quarto da lista.
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