São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

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ESTATAIS

Segundo advogado, benefício está previsto no estatuto

Acusados de caixa dois em Furnas têm defesa bancada pela empresa

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A estatal Furnas Centrais Elétricas paga um advogado para dar assistência jurídica na CPI dos Correios ao ex-diretor Rodrigo Botelho Campos, filiado ao PT e demitido após o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) apontar, em junho de 2005, suposto caixa dois (no valor mensal de R$ 3 milhões) dentro da empresa.
Em depoimento à CPI dos Correios anteontem, Campos foi assessorado pelo advogado Rogério Marcolini, cujo escritório é contratado por Furnas. O ex-diretor negou a acusação de caixa dois. Contou ser filiado ao PT, pelo qual obteve o cargo de diretor de Gestão Corporativa, exercido de janeiro de 2003 a julho de 2005.
Campos afirmou ter "sido surpreendido" com o convite para o cargo, na formação do governo Lula -a iniciativa teria partido da ex-ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff (hoje na Casa Civil). Marcolini argumenta que assessora Campos- autorizado por Furnas- só em temas ligados à investigação sobre caixa dois e à corrupção na estatal.
"Oriento de acordo com o interesse da instituição. A pessoa não pode servir a Furnas em um período e passar o resto da vida contratando advogado para se defender por assuntos relativos à companhia", disse Marcolini.
Na quarta-feira, a Folha informou que os Correios pagarão advogados para ao menos 16 funcionários investigados pela CPI. A assessoria da estatal diz que o pagamento é legal.
Jefferson afirmou ter ouvido que havia caixa dois na estatal também de Dimas Toledo, outro ex-diretor de Furnas, afastado em julho de 2005. "Ele [Toledo] explicou que sobram R$ 3 milhões por mês em Furnas. Desse total, R$ 1 milhão vai para o PT nacional, pelas mãos do Delúbio [Soares, ex-tesoureiro]. Já R$ 1 milhão vai para o PT de Minas, por meio do doutor Rodrigo [Campos]", afirmou ele à Folha, em entrevista publicada em 30 de junho.
Defendido por Marcolini conforme orientação da estatal, Toledo é servidor de carreira da empresa. Campos não tem mais vínculos com Furnas e pertence ao quadro de funcionários da Cemig, companhia energética de Minas Gerais. "É impraticável. Como seria possível sacar R$ 3 milhões na boca do caixa?", disse Campos à CPI sobre a acusação.
O sub-relator da CPI, Carlos Willian (PTC-MG) pediu a quebra de sigilos de Toledo anteontem. Campos teve os sigilos quebrados em agosto. Marcolini disse que Toledo "não tem nada a temer" pois "não participou do suposto esquema de caixa dois".
Ontem, a reportagem enviou a Furnas um email, por orientação da assessoria de imprensa da estatal, pedindo informações sobre a razão de a empresa pagar um advogado para Campos. Segundo a assessoria, o diretor que poderia falar sobre o assunto estava em reunião e não pôde ser contatado. Marcolini disse que a defesa para ex-funcionários é norma do estatuto de Furnas.


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