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ESTATAIS
Segundo advogado, benefício está previsto no estatuto
Acusados de caixa dois em Furnas têm defesa bancada pela empresa
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A estatal Furnas Centrais Elétricas paga um advogado para dar
assistência jurídica na CPI dos
Correios ao ex-diretor Rodrigo
Botelho Campos, filiado ao PT e
demitido após o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) apontar, em
junho de 2005, suposto caixa dois
(no valor mensal de R$ 3 milhões)
dentro da empresa.
Em depoimento à CPI dos Correios anteontem, Campos foi assessorado pelo advogado Rogério
Marcolini, cujo escritório é contratado por Furnas. O ex-diretor
negou a acusação de caixa dois.
Contou ser filiado ao PT, pelo
qual obteve o cargo de diretor de
Gestão Corporativa, exercido de
janeiro de 2003 a julho de 2005.
Campos afirmou ter "sido surpreendido" com o convite para o
cargo, na formação do governo
Lula -a iniciativa teria partido
da ex-ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff (hoje na Casa
Civil). Marcolini argumenta que
assessora Campos- autorizado
por Furnas- só em temas ligados à investigação sobre caixa
dois e à corrupção na estatal.
"Oriento de acordo com o interesse da instituição. A pessoa não
pode servir a Furnas em um período e passar o resto da vida contratando advogado para se defender por assuntos relativos à companhia", disse Marcolini.
Na quarta-feira, a Folha informou que os Correios pagarão advogados para ao menos 16 funcionários investigados pela CPI. A
assessoria da estatal diz que o pagamento é legal.
Jefferson afirmou ter ouvido
que havia caixa dois na estatal
também de Dimas Toledo, outro
ex-diretor de Furnas, afastado em
julho de 2005. "Ele [Toledo] explicou que sobram R$ 3 milhões por
mês em Furnas. Desse total, R$ 1
milhão vai para o PT nacional, pelas mãos do Delúbio [Soares, ex-tesoureiro]. Já R$ 1 milhão vai para o PT de Minas, por meio do
doutor Rodrigo [Campos]", afirmou ele à Folha, em entrevista
publicada em 30 de junho.
Defendido por Marcolini conforme orientação da estatal, Toledo é servidor de carreira da empresa. Campos não tem mais vínculos com Furnas e pertence ao
quadro de funcionários da Cemig,
companhia energética de Minas
Gerais. "É impraticável. Como seria possível sacar R$ 3 milhões na
boca do caixa?", disse Campos à
CPI sobre a acusação.
O sub-relator da CPI, Carlos
Willian (PTC-MG) pediu a quebra de sigilos de Toledo anteontem. Campos teve os sigilos quebrados em agosto. Marcolini disse
que Toledo "não tem nada a temer" pois "não participou do suposto esquema de caixa dois".
Ontem, a reportagem enviou a
Furnas um email, por orientação
da assessoria de imprensa da estatal, pedindo informações sobre a
razão de a empresa pagar um advogado para Campos. Segundo a
assessoria, o diretor que poderia
falar sobre o assunto estava em
reunião e não pôde ser contatado.
Marcolini disse que a defesa para
ex-funcionários é norma do estatuto de Furnas.
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