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FHC critica apoio ao PT e agrava crise entre tucanos
Ex-presidente diz que adesão do PSDB a Chinaglia na Câmara foi "precipitada"
Em contraposição a Serra e a Aécio, tucano defende a reeleição do deputado Aldo Rebelo ou o lançamento de um candidato alternativo
CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Em dissonância com os governadores de São Paulo, José
Serra, e de Minas, Aécio Neves,
o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso condenou
ontem, em nota, a manifestação de apoio do PSDB à candidatura de Arlindo Chinaglia
(PT) à presidência da Câmara.
Na nota -em que se refere ao
amigo José Serra apenas como
"governador de São Paulo"-,
FHC defende a reeleição do
atual presidente, Aldo Rebelo
(PC do B), e até o lançamento
de outras candidaturas em detrimento da adesão ao PT.
Ao descrever seu jantar com
Aldo Rebelo, FHC conta ter
afirmado que, mantida sua candidatura, "não veria como o
PSDB pudesse votar no candidato do PT". E que, em caso de
cisão na base governista, estariam abertas alternativas para a
oposição, "na linha [...] do não-comprometimento com as tantas pizzas do passado recente".
Ele diz ter avisado Serra e Aécio da conversa. "Por isso me
surpreendeu a decisão, que
considero precipitada, de assegurar ao PT os votos do PSDB,
sem discussão política mais
profunda sobre implicações e
conseqüências", critica FHC.
Segundo a Folha apurou,
Serra concorda com a decisão
de apoiar o petista, mas discorda da forma como foi tomada.
Embora Serra e o líder do
partido na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), tenham sido procurados por FHC, parte do partido reclama que o ex-presidente não consultou a legenda
a respeito da nota. Segundo tucanos, a pedido de Jutahy, FHC
foi consultado por um amigo
na manhã do anúncio da decisão do PSDB. Informado de
uma tendência em favor de
Chinaglia, teria dito que não ficaria constrangido.
Mas, numa demonstração de
desarmonia em ninho tucano,
aliados de Serra e Aécio criticam com veemência a terceira
via defendida por FHC. "Investir na terceira via é criar um vale tudo dentro da Câmara", disse o deputado Nárcio Rodrigues (MG), nome de Aécio para
a vice-presidência da Casa.
Jutahy disse que, no PSDB,
"não chegam a dez" os defensores de candidatura avulsa: "O
conceito da terceira via é antipartido, é antidemocrática".
Segundo Walter Feldman, da
tropa serrista, o apoio à proporcionalidade terá "como desdobramento natural, o mesmo
comportamento do PT nas Assembléias Legislativas".
Os governadores também
avalizaram o anúncio porque
almejam uma boa relação com
o PT e seus ministros num primeiro momento. "Estamos
criando um ambiente de destensionamento", disse Jutahy.
Reação
Descontentes com a adesão a
Chinaglia, deputados ligados a
FHC e a Geraldo Alckmin
anunciarão uma reunião na
próxima terça. Eles dirão que
não aceitam o acordo e pedirão
até a antecipação do congresso
do partido de junho para abril.
"Desde o momento em que o
PMDB, maior bancada da Câmara, abriu mão de indicar o
presidente, a proporcionalidade precisa ser rediscutida", disse Edson Aparecido (SP). Procurados, Serra e Aécio não se
manifestaram. Líder do PSDB
no Senado, Arthur Virgílio pediu a convocação de uma reunião da Executiva Nacional para decidir a questão.
Chinaglia se recusou ontem a
comentar a nota de FHC. "O
que eu posso dar é um testemunho da absoluta correção com
que o líder Jutahy se portou."
O petista disse que não irá visitar o presidente Lula em suas
férias no Guarujá.
Colaborou FLÁVIA MARREIRO, da Reportagem Local
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