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Pré-campanha aproxima PT e DEM em SP
Para enfraquecer aliança tucano-democrata na corrida pela prefeitura paulistana, petistas até apóiam projetos de Kassab
Para vereador João Antonio, PT não deixou a oposição, mas não podia ser contra "coisas que eram da gestão" da ex-prefeita Marta Suplicy
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
MICHELE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Arquiinimigos em Brasília,
petistas e democratas vivem
uma inusitada simbiose política nos bastidores da temporada
pré-eleitoral em São Paulo:
compartilham estratégias e tréguas na Câmara Municipal, trocam afagos em público e assinam como co-autores obras
importantes para a cidade.
O combustível dessa relação,
que tem data marcada para terminar -na campanha eleitoral-, é o desejo de ver o tucano
Geraldo Alckmin enfraquecido
na disputa pela Prefeitura neste ano. A aliança PSDB-DEM
governa o Estado e a capital.
O prefeito democrata Gilberto Kassab, apoiado por parte do
PSDB, trava uma disputa ferrenha com Alckmin pelo direito
de encabeçar na eleição municipal de outubro uma chapa
que repita a aliança vitoriosa.
Na pior das hipóteses para
tucanos e democratas, os dois
saem candidatos e, dessa forma, devem dividir votos de eleitores pouco simpáticos à ministra Marta Suplicy, principal
nome petista. Por isso, o PT decidiu apostar na divisão dos adversários. Na expressão de um
petista, o partido caminhou "no
fio da navalha" na relação com
Kassab, pois não podia deixar
de ser oposição ao mesmo tempo em que não trabalharia para
desmontá-lo politicamente.
Segundo a Folha apurou, o
acordo foi fechado nos bastidores da Câmara e vigorou em votações importantes, como a
modificação do ISS e a lei que
regulariza áreas municipais invadidas, ambos de interesse do
prefeito, e a contratação de estagiários remunerados pelos
vereadores, apoiado pelo PT.
Antes, o PT já havia contribuído para aprovar a Lei Cidade Limpa, que tirou a publicidade irregular das ruas da capital e se transformou em bandeira de Kassab. "Eu não diria
que o PT deixou de fazer oposição ao prefeito Kassab. Diria
que eles fizeram uma oposição
consciente, o que acabou sendo
bom para a cidade", afirmou o
vereador Milton Leite (DEM).
"Não abdicamos de fazer
oposição, mas não podíamos
ser contra algumas coisas que
eram a continuidade da gestão
da ex-prefeita Marta", disse o
vereador João Antonio (PT).
Levantamento feito pela Folha na Câmara mostra que
quatro pedidos de CPI, feitos
pelo PT no ano passado, tiveram como alvo a administração
Kassab -o mais recente deles
foi apresentado em setembro.
Nenhum saiu do papel. Já na
Assembléia Legislativa o PT
pediu oito CPIs contra José
Serra (PSDB) desde 2007.
Receita e ajuda
Em junho, Marta Suplicy esteve com Kassab na prefeitura
e anunciou que ajudaria a cidade na área do turismo. Desde
então, liberou quase R$ 3 milhões para o democrata.
Kassab também seguiu o modelo adotado por Marta (2001-2004) ao se relacionar com a
Câmara Municipal. Assim como a petista, ele se escorou no
grupo que se autodenomina
"Centrão" e é formado por PR,
PP, PMDB e PTB.
Mas as principais "semelhanças" entre as duas gestões
estão nas obras adotadas como
prioritárias, a construções dos
CEUs (Centros Integrados de
Educação) e de grandes hospitais na periferia. "Tudo o que o
atual prefeito está fazendo foi
licitado na nossa gestão. É claro
que isso dificulta um pouco o
trabalho de oposição, que tem
de ser mais conceitual", disse o
vereador Antonio Donato, secretário estadual de Comunicação do PT. Segundo ele, na
campanha o PT atacará Kassab.
Colaboraram CATIA SEABRA e EVANDRO
SPINELLI , da Reportagem Local
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