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JANIO DE FREITAS
O nervo exposto
A antipatia, às vezes rancor,
dos meios de comunicação por
Itamar Franco -o que em alguns casos tem a ver com interesses não atendidos em seu
governo- está atribuindo à
moratória mineira efeitos
muito maiores do que houve e
há no sistema financeiro internacional, e mesmo na ciranda
mundial que especula com títulos brasileiros. Mas o resultado involuntário da distorção parece positivo.
A atitude de Itamar e a projeção que lhe foi dada combinaram-se, sem que qualquer
das duas tivesse tal finalidade,
e exibiram a artificialidade da
situação brasileira dada como
estável, sob controle do governo e em crise apenas transitória, de mais um trimestre.
Antes da pequena moratória
mineira, já os dólares estavam
fugindo aos bilhões, mais de
cinco só em dezembro. Com isso, os juros foram postos nas
alturas e delas não podem descer. O previsto aumento de
11% das exportações, para obtenção de dólares por meios
não prejudiciais, acabou sendo mais um erro formidável do
governo. O mercado de operações com títulos já estava fechado para os brasileiros. E o
retraimento em relação ao
Brasil já acontecia, pela constatação de que o ajuste fiscal
não avança e, ainda, pelas especulações internacionais de
adoção, no Brasil, de sistema
monetário equivalente ao da
Argentina.
A moratória de Itamar não
fez acréscimo fundamental a
essa realidade. Com a contribuição dos meios de comunicação, deixou mais exposta,
como um nervo, a artificialidade de uma situação nacional que se abala porque um
governador diz que suspenderá três prestações da sua dívida. Vale a pena notar bem: o
problema foi dizer, porque
manter pagamentos em atraso
já é prática instituída, generalizada por quase todos os Estados e aceita pelo governo federal.
Como a situação nacional, o
que é realidade deveria ficar
disfarçado.
²
Marionete
Reação, aqui ao meu lado, à
notícia de que Pio Borges estava sendo confirmado na presidência do BNDES: "O Mendonça de Barros voltou".
É isso.
²
Explicação
Estimulante a Folha de ontem: "Crise faz jumento e burro voltar à moda no campo".
Supunha-se que o verão é
que estivesse esvaziando tantos gabinetes, naquela cidade.
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