São Paulo, quarta, 13 de janeiro de 1999

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SEGUNDO MANDATO
Banco, agora subordinado ao Ministério do Desenvolvimento, quer dar ênfase à exportação neste ano
Pio Borges é efetivado presidente do BNDES

Sergio Lima - 30.dez.98/Folha Imagem
Pio Borges, que foi confirmado ontem na presidência do BNDES


da Sucursal de Brasília

O ministro do Desenvolvimento, Celso Lafer, anunciou ontem a permanência de José Pio Borges na presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que passou a ser subordinado ao ministério.
O BNDES deverá criar ainda neste ano uma superintendência que funcionará como um banco voltado exclusivamente para o financiamento do setor exportador.
"Pensamos em um banco para a exportação, como o Eximbank (instituição de fomento existente em países como os Estados Unidos e o Japão)", afirmou Borges.
"Para este ano, é possível (criar o banco para a exportação). Seria uma estrutura com características próprias, que funcionaria como uma subsidiária do BNDES."
Borges assumiu interinamente a presidência do BNDES depois da demissão, em novembro do ano passado, do economista André Lara Resende, envolvido no "escândalo dos grampos". Antes, foi diretor da área de privatização e vice-presidente da instituição.
Borges afirmou que o BNDES manterá sua prioridade no processo de privatização. Entretanto, acrescentou que dará "ênfase especial" à reestruturação da indústria nacional, aos investimentos e aos incentivos para o setor exportador. Ou seja, aos aspectos ligados à política industrial.
De acordo com os dados que apresentou, o BNDES deverá dispor de cerca de R$ 20 bilhões para financiamento neste ano, dos quais R$ 3 bilhões serão orientados ao apoio direto às exportações.
No ano passado, os recursos direcionados ao setor exportador somaram R$ 2,2 bilhões. Em condições mais favoráveis, o BNDES contou com um total de R$ 21,5 bilhões em 98.
"As linhas de financiamento à exportação passaram de R$ 400 milhões, em 96, para quase R$ 3 bilhões neste ano. Estamos satisfeitos? Não", disse Borges.
"Trata-se do que temos e com o que poderemos trabalhar, mesmo com um mercado internacional em situação mais difícil. Vamos aproveitar as sinergias", acrescentou Lafer.
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Mais verba
Segundo Borges, a queda de R$ 1,5 bilhão nos recursos disponíveis para os financiamentos do BNDES se deve às dificuldades de captação no exterior. Neste ano, o banco pretende buscar pelo menos R$ 1 bilhão em operações de securitização de recebíveis (transformação de créditos de exportação em títulos que serão vendidos no mercado externo).
A primeira operação deverá ser concluída em 45 dias com o banco norte-americano Chase Manhattan e envolverá US$ 150 milhões.
De acordo com Lafer, o BNDES é uma das peças essenciais na formulação da nova política industrial porque "conhece bem" as cadeias produtivas do país.
O ex-secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior José Roberto Mendonça de Barros dará assessoria ao ministério por seis meses e vai elaborar um projeto na mesma área.
Na concepção de Lafer, a política industrial deverá permitir a competitividade dos produtos nos mercados interno e externo.



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