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ELDORADO DO CARAJÁS
De 21 nomes da lista anterior, 13 têm ligação com fazendeiros
Justiça muda jurados de massacre de sem-terra
MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio
A Justiça do Pará vai afastar os 21
jurados pré-selecionados para o
julgamento do massacre de trabalhadores sem terra em Eldorado do
Carajás (PA), mesmo que o júri seja realizado em Marabá (PA).
O presidente do Tribunal de Justiça do Pará, Romão Amoedo, afirmou à Folha que haverá novo sorteio da lista de 21 nomes. Ele não
explicou o motivo.
No dia 11 de novembro do ano
passado, a Folha revelou que, dos
21 jurados, 13 têm algum tipo de ligação com fazendeiros, o que
ameaça o princípio de imparcialidade do júri.
Promovido a desembargador, o
juiz Otávio Maciel deixou o processo. Seu substituto é Ronaldo
Valle, titular da 15ª Vara Penal do
3º Tribunal do Júri, em Belém. Valle, 51, terá de ler as cerca de 10 mil
páginas do processo.
O novo juiz disse que, para marcar o julgamento, espera a decisão
do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre recurso especial do Ministério Público do Pará, que pede
o desaforamento (transferência)
do júri de Marabá para Belém.
Ronaldo Valle prevê que o julgamento comece dois meses após a
decisão do STJ, que pode ocorrer
em fevereiro.
Para o Ministério Público Estadual, não há condições de segurança nem imparcialidade dos jurados
em Marabá (657 km ao sul de Belém). A Justiça do Pará manteve o
júri na cidade do interior.
Maciel planejava, caso não houvesse mudança no local do julgamento, manter os 21 jurados escolhidos em 1998, dos quais seriam
sorteados 7 para o júri.
O massacre de Eldorado (100 km
a sudoeste de Marabá) ocorreu no
dia 17 de abril de 1996, quando 19
sem-terra morreram num conflito
com policiais militares.
Inicialmente, Maciel decidiu que
haveria 159 réus -155 PMs, um
homem suspeito de ser pistoleiro e
três sem-terra. A Justiça livrou do
tribunal dois policiais.
Vários oficiais ainda tentam na
Justiça não ir a julgamento. Os
PMs são acusados de homicídio
duplamente qualificado. Os sem-terra, de lesões corporais -policiais foram feridos.
O juiz Ronaldo Valle vai sortear
21 jurados no 3º Tribunal do Júri
no dia 2 de fevereiro, a partir de
uma lista básica de possíveis jurados alistados pela Justiça. Se o julgamento for em Belém, a lista de 21
já estará pronta.
Para o advogado Paulo Ronaldo
Albuquerque, 27, que integra a
equipe de defesa de 135 soldados,
cabos e terceiros-sargentos, "o STJ
provavelmente vai desaforar o julgamento para Belém".
A tendência do Superior Tribunal de Justiça é mesmo transferir o
julgamento para a capital.
O advogado dos sem-terra, Carlos Guedes do Amaral Júnior, 24,
disse que, em Marabá, os novos jurados "teriam o mesmo perfil dos
anteriores, talvez com a repetição
de alguns nomes".
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