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Governo compara morte à de Chico
Mendes; ministros viajam ao local
ANA FLOR
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A execução da freira norte-americana Dorothy Stang no Pará teve
reação imediata do governo federal -que sabia das ameaças sofridas pela religiosa.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva enviou os ministros Nilmário Miranda (Direitos Humanos)
e Marina Silva (Meio Ambiente)
para a região e pediu que o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) agilize a entrada da Polícia Federal nas investigações.
Os ministros Márcio Thomaz
Bastos, Marina Silva e Nilmário
Miranda compararam o assassinato de Dorothy ao do sindicalista Chico Mendes, morto por pistoleiros em 1988, no Acre. "É uma
agressão à idéia dos direitos humanos de Chico Mendes e de juízes brasileiros que também foram
assassinados", disse Nilmário.
Em nota, o ministro da Justiça
disse que o crime merece "punição penal, dura, rápida e exemplar. Esse crime não vai ficar sem
castigo". Para José Genoino, presidente nacional do PT, o crime é
"um fato gravíssimo. O governo
tem de ser duro com os mandantes. É inaceitável".
No início do mês, em visita a Belém, Nilmário encontrou-se com
a freira e ouviu dela um relato das
ameaças sofridas e da gravidade
da violência na região. Na ocasião,
o ministro criou um grupo de trabalho que deveria propor, em 60
dias, formas de proteger pessoas
ameaçadas de morte.
Morte anunciada
Segundo a Comissão Pastoral
da Terra (CPT), a qual a freira integrava, ela estava sendo ameaçada há pelo menos três anos.
Representantes da CPT disseram ontem que o governo tem
parte da responsabilidade pela
morte de Dorothy. Segundo eles,
o governo foi advertido "diversas
vezes" nos últimos três anos.
Nascida no Estado de Ohio, nos
EUA, Dorothy era naturalizada
brasileira e trabalhava no Brasil
havia 37 anos. Atuava em movimentos sociais no município paraense de Anapu (cerca de 700 km
de Belém). Em seu trabalho,
apoiava famílias de pequenos trabalhadores rurais em conflitos
com grileiros, grandes produtores
e madeireiros que ocupavam terras destinadas a assentamentos.
No ano passado, Dorothy recebeu
o título de Cidadã do Pará da Assembléia Legislativa.
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