São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2005

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Governo compara morte à de Chico Mendes; ministros viajam ao local

ANA FLOR
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A execução da freira norte-americana Dorothy Stang no Pará teve reação imediata do governo federal -que sabia das ameaças sofridas pela religiosa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou os ministros Nilmário Miranda (Direitos Humanos) e Marina Silva (Meio Ambiente) para a região e pediu que o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) agilize a entrada da Polícia Federal nas investigações.
Os ministros Márcio Thomaz Bastos, Marina Silva e Nilmário Miranda compararam o assassinato de Dorothy ao do sindicalista Chico Mendes, morto por pistoleiros em 1988, no Acre. "É uma agressão à idéia dos direitos humanos de Chico Mendes e de juízes brasileiros que também foram assassinados", disse Nilmário.
Em nota, o ministro da Justiça disse que o crime merece "punição penal, dura, rápida e exemplar. Esse crime não vai ficar sem castigo". Para José Genoino, presidente nacional do PT, o crime é "um fato gravíssimo. O governo tem de ser duro com os mandantes. É inaceitável".
No início do mês, em visita a Belém, Nilmário encontrou-se com a freira e ouviu dela um relato das ameaças sofridas e da gravidade da violência na região. Na ocasião, o ministro criou um grupo de trabalho que deveria propor, em 60 dias, formas de proteger pessoas ameaçadas de morte.

Morte anunciada
Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a qual a freira integrava, ela estava sendo ameaçada há pelo menos três anos.
Representantes da CPT disseram ontem que o governo tem parte da responsabilidade pela morte de Dorothy. Segundo eles, o governo foi advertido "diversas vezes" nos últimos três anos.
Nascida no Estado de Ohio, nos EUA, Dorothy era naturalizada brasileira e trabalhava no Brasil havia 37 anos. Atuava em movimentos sociais no município paraense de Anapu (cerca de 700 km de Belém). Em seu trabalho, apoiava famílias de pequenos trabalhadores rurais em conflitos com grileiros, grandes produtores e madeireiros que ocupavam terras destinadas a assentamentos. No ano passado, Dorothy recebeu o título de Cidadã do Pará da Assembléia Legislativa.


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