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ELEIÇÕES NA CÂMARA
Combustível é líder nos gastos de escritórios de deputados
Candidatos gastam quase
o teto das verbas de auxílio
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob rubricas vagas como "combustível" ou "locomoção", os
principais candidatos à presidência da Câmara utilizaram no ano
passado suas respectivas verbas
indenizatórias -reembolso de
até R$ 12 mil mensais para despesas de deputados em seus escritórios políticos nos Estados- em
sua quase totalidade.
No apagar das luzes do ano passado, essa verba foi reajustada para R$ 15 mil pela Mesa da Câmara,
sinalizando a primeira de uma série de benesses que os deputados
devem se autoconceder neste ano.
Está pronto para votação o aumento da verba para contratação
de assessores de R$ 35 mil para R$
45 mil. O aumento é tema central
das campanhas na Casa.
O candidato da bancada petista,
Luiz Eduardo Greenhalgh (SP),
chegou a gastar mais de R$ 9.000
com combustível somente em
agosto. Num cálculo médio, isso
representa cerca de 41 mil km no
mês, o suficiente para um carro
dar pouco mais de uma volta e
meia no perímetro do Brasil.
No total, Greenhalgh recebeu
cerca de R$ 54 mil para combustível no ano. O deputado mantém
dois carros cedidos ao escritório
político. Porém, sua assessoria informou que a verba ressarce os
gastos com combustível de sete
carros particulares de assessores,
que estariam usando seus veículos para atividades de trabalho.
Os gastos do deputado Severino
Cavalcanti (PP-PE) com combustível são muito próximos aos de
Greenhalgh. Ele é um dos maiores
defensores de aumentos de salário e de repasses. Sua assessoria
afirmou que o valor dos reembolsos é um dado público e não deu
esclarecimento sobre eles.
O deputado Virgílio Guimarães
(MG), candidato petista dissidente, foi mais modesto no gasto de
combustível. Porém, deixa seus
concorrentes na poeira no quesito
"divulgação de atividade parlamentar": R$ 45,5 mil em 2004.
Questionado sobre a finalidade
dos gastos, Guimarães informou
que não iria comentar o assunto.
"Esse pedido é uma insolência. Eu
não vou responder", afirmou.
Ambos os petistas gastam porção substancial no aluguel de escritórios em suas bases. São aproximadamente R$ 60 mil por ano
para cada um. No caso de Greenhalgh, são R$ 2.600 por mês com
o escritório central e quase
R$ 4.000 com outros quatro pontos "de apoio" descentralizados.
O gabinete de Virgílio não deu
explicação sobre despesas de aluguel que variaram de R$ 929 a R$
7.715 por mês em 2004.
O deputado Severino Cavalcanti teve gastos relativamente modestos com aluguel -R$ 900
mensais. Porém é o campeão nos
gastos com "locomoção, hospedagem e alimentação": R$ 81.778.
Tirando o direito que o deputado tem a quatro passagens mensais de Brasília à capital de seu Estado, também bancados pela Casa, essa verba de locomoção seria
o suficiente para 40 viagens de
ida-e-volta Brasília-Recife, a uma
tarifa de R$ 2.000. Mais uma vez, a
assessoria não forneceu detalhes.
As notas fiscais precisam ser
apresentadas para que o reembolso seja feito. Apesar da verba ser
pública, a Câmara não dá acesso
aos comprovantes fiscais e alega
que os valores agrupados disponíveis na internet dão a transparência necessária.
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