São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2005

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ELEIÇÕES NA CÂMARA

Combustível é líder nos gastos de escritórios de deputados

Candidatos gastam quase o teto das verbas de auxílio

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sob rubricas vagas como "combustível" ou "locomoção", os principais candidatos à presidência da Câmara utilizaram no ano passado suas respectivas verbas indenizatórias -reembolso de até R$ 12 mil mensais para despesas de deputados em seus escritórios políticos nos Estados- em sua quase totalidade.
No apagar das luzes do ano passado, essa verba foi reajustada para R$ 15 mil pela Mesa da Câmara, sinalizando a primeira de uma série de benesses que os deputados devem se autoconceder neste ano. Está pronto para votação o aumento da verba para contratação de assessores de R$ 35 mil para R$ 45 mil. O aumento é tema central das campanhas na Casa.
O candidato da bancada petista, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), chegou a gastar mais de R$ 9.000 com combustível somente em agosto. Num cálculo médio, isso representa cerca de 41 mil km no mês, o suficiente para um carro dar pouco mais de uma volta e meia no perímetro do Brasil.
No total, Greenhalgh recebeu cerca de R$ 54 mil para combustível no ano. O deputado mantém dois carros cedidos ao escritório político. Porém, sua assessoria informou que a verba ressarce os gastos com combustível de sete carros particulares de assessores, que estariam usando seus veículos para atividades de trabalho.
Os gastos do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) com combustível são muito próximos aos de Greenhalgh. Ele é um dos maiores defensores de aumentos de salário e de repasses. Sua assessoria afirmou que o valor dos reembolsos é um dado público e não deu esclarecimento sobre eles.
O deputado Virgílio Guimarães (MG), candidato petista dissidente, foi mais modesto no gasto de combustível. Porém, deixa seus concorrentes na poeira no quesito "divulgação de atividade parlamentar": R$ 45,5 mil em 2004.
Questionado sobre a finalidade dos gastos, Guimarães informou que não iria comentar o assunto. "Esse pedido é uma insolência. Eu não vou responder", afirmou.
Ambos os petistas gastam porção substancial no aluguel de escritórios em suas bases. São aproximadamente R$ 60 mil por ano para cada um. No caso de Greenhalgh, são R$ 2.600 por mês com o escritório central e quase R$ 4.000 com outros quatro pontos "de apoio" descentralizados.
O gabinete de Virgílio não deu explicação sobre despesas de aluguel que variaram de R$ 929 a R$ 7.715 por mês em 2004.
O deputado Severino Cavalcanti teve gastos relativamente modestos com aluguel -R$ 900 mensais. Porém é o campeão nos gastos com "locomoção, hospedagem e alimentação": R$ 81.778.
Tirando o direito que o deputado tem a quatro passagens mensais de Brasília à capital de seu Estado, também bancados pela Casa, essa verba de locomoção seria o suficiente para 40 viagens de ida-e-volta Brasília-Recife, a uma tarifa de R$ 2.000. Mais uma vez, a assessoria não forneceu detalhes.
As notas fiscais precisam ser apresentadas para que o reembolso seja feito. Apesar da verba ser pública, a Câmara não dá acesso aos comprovantes fiscais e alega que os valores agrupados disponíveis na internet dão a transparência necessária.


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