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Rachas nos partidos atrasam reforma ministerial de Lula
Disputas no PP, PTB, PR, PT e PMDB embolam a definição do novo governo
No PP, por exemplo, uma ala quer indicar Dornelles para a Defesa e outra quer manter Cidades; PTB não sabe se segue Jefferson ou Múcio
SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além da tradicional competição entre os partidos por espaço privilegiado no novo ministério, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva tem esbarrado numa acirrada divisão interna nas
siglas aliadas para definir a
composição da Esplanada.
Os maiores partidos da coalizão que formam a base do governo no Congresso -PMDB,
PT, PTB, PP e PR- vivem conflitos internos, o que dificulta o
Planalto a identificar interlocutores para negociar. O choque entre as correntes dos partidos também atrapalha o mapeamento dos cargos.
O presidente Lula criticou
abertamente a disputa no PT
no final de semana. Porém, o
petista não demonstra ter pressa em montar a sua equipe.
Um dos exemplos de conflitos está no PP. Hoje, o presidente da sigla, Nélio Dias (RN),
e o líder da bancada na Câmara,
Mário Negromonte (BA), levarão oficialmente seus pleitos a
Lula no Palácio do Planalto.
O principal desejo do PP é
manter o Ministério das Cidades, chefiado por Márcio Fortes. Além do grande volume de
emendas parlamentares, a pasta é considerada estratégica em
razão do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) e
das eleições municipais de
2008 - por sua capilaridade.
Após a derrocada do ex-presidente da Câmara Severino
Cavalcanti (PE), que o indicou
para o cargo, Fortes se aproximou da ala que hoje controla o
PP e é bem avaliado pelo Planalto. "O presidente elogiou o
ministro, tem dito que ele fez o
trem do ministério andar", afirmou Negromonte. "Qual é o
partido que não vai se sentir
desprestigiado, ressentido, se
perder o ministério que tem?"
No entanto, a ala oposta do
PP trabalha nos bastidores para que o PT retome a pasta. O
grupo pressiona para que a pasta das Cidades seja "trocada"
pelos Ministério da Agricultura
e Defesa. O primeiro ficaria
com a bancada ruralista da sigla, e o segundo, com o senador
Francisco Dornelles (RJ).
Os líderes do PP apresentarão uma relação de cargos que
querem ocupar ou continuar
ocupando no novo mandato.
A lista inclui as diretorias de
Abastecimento e de Gás da Petrobras, secretarias e chefias na
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), Furnas e
no IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), e a secretaria de
Ciência, Tecnologia e Insumos
do Ministério da Saúde.
Há impasse também no PTB,
que vive um embate interno
pelo controle do partido entre o
ex-líder da sigla José Múcio
(PE) e o ex-deputado Roberto
Jefferson (RJ), autor das denúncias do mensalão.
Múcio tem o apoio do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para sucedê-lo
na liderança do governo na Casa. Além disso, defende que o
ministro Walfrido Mares Guia
(Turismo) siga no cargo como
"cota pessoal do presidente".
Do outro lado, a ala petebista
ligada a Jefferson quer o Ministério da Agricultura e chegou a
fechar acordo para que o indicado fosse o deputado Nelson
Marquezelli (SP).
"O que interessa ao governo é
o painel [de votação], e isso ele
tem", disse Múcio, que tem articulado votações no plenário.
Câmara X Senado
Outro caso emblemático é o
PMDB, cujos líderes na Câmara e no Senado travam um embate interno pelos cargos no
primeiro escalão. A bancada de
deputados reclama que o espaço oferecido pelo Planalto contempla apenas o presidente do
Senado, Renan Calheiros (AL),
e o senador José Sarney (AP).
Também divide os peemedebistas uma tensa disputa interna pela presidência da sigla entre o deputado Michel Temer
(SP) e o ex-presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal)
Nelson Jobim.
Já o PR (fusão de PL e Prona)
briga para manter o Ministério
dos Transportes. A tendência é
que o senador Alfredo Nascimento (AM) volte ao posto,
mas, caso a sigla comande outra
pasta, a indicação será de um
nome ligado ao deputado Sandro Mabel (GO).
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