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CRISE CAPITAL
Defesa reclama que Arruda não foi ouvido
Advogado Nélio Machado afirma que STF "recebeu informação parcial" ao tomar a decisão de manter seu cliente preso
Defensor diz que governador afastado nega o chamado esquema do mensalão do DEM e tentativa de suborno a uma testemunha do caso
HUDSON CORRÊA
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A defesa de José Roberto Arruda (sem partido) reclamou
ontem que o governador afastado até agora não foi ouvido
pela Polícia Federal e pela Justiça sobre acusações do mensalão do DEM e suposta tentativa
de suborno a uma testemunha
do caso -que o levou à prisão.
O advogado Nélio Machado
afirmou esperar não ter de recorrer à lei de proteção aos animais, como fez o advogado Sobral Pinto (1893-1991) ao defender na década de 30 o dirigente comunista Harry Berger,
cuja defesa era ignorada.
Machado disse que aguardará o julgamento do habeas corpus pelo pleno do STF (Supremo Tribunal Federal), o que só
ocorrerá após o Carnaval.
"Ele [o ministro] recebeu
uma informação parcial. Não
ouviu a defesa. Nós não tivemos a oportunidade de contraditar, de contestar, apresentar
argumentos", disse Machado.
Em entrevista à imprensa, o
advogado se concentrou no argumento de que Arruda não foi
ouvido nas investigações da PF.
Ele reclama que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) também não ouviu os advogados do
governador ao decretar a prisão. "A defesa não falou em nenhum tribunal", disse. "O que
se assegura a qualquer do povo,
a ele [Arruda] não se garantiu."
"[Isso é] extremamente grave e revela no fundo o açodamento que timbrou essa investigação. Há dois meses e meio
esse assunto tem ocupado espaço nos meios de comunicação e até agora, mesmo tendo se
apresentado espontaneamente
à prisão, ninguém se interessou
em ouvir" o governador, disse.
Conforme o advogado, Arruda nega o esquema do mensalão do DEM e a tentativa de suborno a uma testemunha da investigação, o jornalista Edson
Sombra. Nessa linha de defesa,
Machado desqualifica o flagrante da PF em que um suposto emissário da Arruda foi preso na semana passada ao entregar R$ 200 mil a Sombra.
"O flagrante tem a marca, em
princípio, de ilegalidade", disse,
alegando que o suposto emissário, Antônio Bento da Silva, foi
preso e interrogado sem a presença de um advogado.
Em outra frente, a defesa de
Arruda desqualifica o próprio
Sombra como testemunha e,
portanto, a necessidade de o
governador suborná-lo.
"O depoimento desse senhor
Sombra não tem nenhuma finalidade, serventia, porque ele
é uma pessoa envolvida em todos os episódios que remontam
ao Durval [Barbosa, o ex-secretário de Arruda que delatou o
esquema do mensalão]".
"A Justiça acredita numa
pessoa que irá depor sem o
compromisso de dizer a verdade, mesmo neste flagrante o governador não é ouvido", reclamou mais uma vez o advogado.
Visita
José Gerardo Grossi, outro
advogado de Arruda, visitou o
governador à tarde, antes de o
STF manter a prisão. Indagado
sobre a defesa, Grossi afirmou
que iria recorrer a "ONU, Otan
ou quem sabe até a Deus".
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