São Paulo, sábado, 13 de fevereiro de 2010

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Lula agora se diz "chocado" com imagens

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA

Após ter declarado que as imagens do mensalão do DEM não falavam "por si", o presidente Lula disse ontem em Goiânia ter ficado "chocado" com o vídeo no qual o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), preso um dia antes, aparece recebendo um maço de dinheiro.
"Obviamente que eu fico chocado quando eu vejo as denúncias de corrupção neste país, fiquei chocado quando aparece aquele filme do Arruda recebendo dinheiro. É uma coisa absurda a gente imaginar que, em pleno século 21, isso acontece no Brasil", afirmou, em entrevista a rádios goianas.
No inicio de dezembro, logo que estourou a crise, Lula foi questionado sobre esses mesmos vídeos. Na ocasião, disse: "Imagens não falam por si. Há todo um processo de investigação". Dias depois, porém, por conta da repercussão do caso e de sua declaração, elevou um pouco o tom contra os acusados, assim como ontem.
Na mesma entrevista, Lula disse que a prisão de Arruda deve servir de exemplo para outros políticos do país.
"Espero que o que aconteceu com o Arruda sirva de exemplo para que não possa mais se repetir em lugar nenhum", disse o presidente. "Por isso que eu mandei para o Congresso Nacional um projeto de lei, transformando crime de corrupção em crime hediondo porque nós precisamos ser mais duros com a corrupção, com o corrupto e com o corruptor."
Lula enalteceu o fato de a prisão do governador, anteontem, não ter ocorrido com pirotecnia, como no início de seu governo, com imagens de suspeitos sendo algemados por policiais. "A Polícia Federal não está mais disposta a fazer pirotecnia com quem quer que seja. Foi uma atitude correta dele [Arruda] ir lá e se apresentar. E tantos quantos quiserem se apresentar, não precisa surpresa: vão lá, se apresentam e ficam presos dentro da PF."
Sobre o pedido da Procuradoria-Geral da República pela intervenção da União no DF, Lula primeiro citou a possibilidade da permanência do vice, Paulo Octávio (DEM). "Se não houver nenhuma acusação contra o vice-governador, é de direito que ele possa assumir o governo e governar. Quando o Poder Judiciário se manifestar por uma intervenção, aí o governo federal não terá dúvida de colocar alguém para governar Brasília."


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