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Decisão sobre DF congelaria votação de PECs
FÁBIO ZANINI
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se confirmada, a intervenção
no Distrito Federal causará novos problemas para a já apertada agenda de 2010 do Congresso Nacional. Propostas de
emenda constitucional (PECs)
relevantes para a base aliada do
presidente Lula, como a redução da jornada de trabalho, a
segunda etapa da reforma do
Judiciário e a revitalização do
rio São Francisco, terão sua tramitação congelada.
A ordem vem do artigo 60 da
Constituição. A lógica é a de
que uma mudança na Carta é
algo tão importante que não
pode ocorrer em períodos de
anormalidade institucional, caso de uma intervenção.
O presidente da Câmara dos
Deputados, Michel Temer (PT-SP), disse que a intervenção
não deve ser decretada porque
não há uma situação de abalo
institucional que a justifique.
"A intervenção provocará um
trancamento quase absoluto da
pauta dos trabalhos do Legislativo, em um momento em que
estamos votando muitas questões importantes", afirmou.
No Senado, estão para serem
votadas, por exemplo, a emenda que muda as regras do divórcio e a que institui a eleição para suplente de senador.
Por ser um ano eleitoral, o espaço para votação de temas importante é estreito -no máximo, até junho. Ou seja, uma intervenção fecharia mesmo essa
pequena janela para emendas.
"Deveria haver um acordo de
líderes para votar rapidamente
algumas emendas antes que
haja intervenção", diz o líder do
PSB, Rodrigo Rollemberg (DF).
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, baseou o
pedido de intervenção no argumento de que a atual situação
administrativa do Distrito Federal representa uma ameaça
aos princípios constitucionais
da "forma republicana".
Caso aceito pelo plenário do
STF (Supremo Tribunal Federal), em julgamento ainda sem
data definida, caberá a Lula nomear um interventor, que assumirá o papel de governador, podendo afastar e nomear autoridades, bem como tomar decisões administrativas.
O decreto da intervenção
"especificará a amplitude, o
prazo e as condições" da medida e tem que ser submetido ao
Congresso em 24 horas.
"A medida postulada, notoriamente excepcional, busca
resgatar a normalidade institucional, a própria credibilidade
das instituições e dos administradores públicos, bem como
resgatar a observância necessária do princípio constitucional
republicano da soberania popular e da democracia", escreveu Gurgel no pedido ao STF.
Colaborou ANDREZA MATAIS, da Sucursal de Brasília
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