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REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO
Maciel admite que candidatura naufragou e diz a tucanos que tendência é procurar o PPS
PFL rifa Roseana e flerta com Ciro para barrar Serra
KENNEDY ALENCAR
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Única ponte oficial que sobrou
entre PFL e PSDB, o vice-presidente da República, Marco Maciel, transmitiu aos tucanos o seguinte recado dos pefelistas: a
candidatura Roseana Sarney
(PFL) acabou e, se o PSDB não
substituir o candidato José Serra,
a tendência pefelista será buscar
aliança com Ciro Gomes (PPS).
Ciro deu sinais de que deseja a
união, mas, para isso acontecer,
tanto ele como o PFL precisam
engolir desaforos que trocaram.
Exemplo: em 1999, Ciro disse que
o cacique baiano Antonio Carlos
Magalhães era "sujo que só pau de
galinheiro". ACM rebateu: "Ciro é
o próprio galinheiro".
Para os serristas, o apoio do PFL
a Ciro é complicado e não passaria de um blefe. Blefe ou ameaça
real, o fato é que hoje o PFL não
aceita composição com Serra.
Maciel, um dos últimos pefelistas que ainda tentam fechar com
Serra, deu esse recado a Fernando
Henrique Cardoso e a dirigentes
do PSDB depois de constatar que
a inviabilização fulminante de
Roseana significará o acirramento da guerra do PFL contra o pré-candidato tucano à Presidência.
Por guerra, entenda-se uma
tentativa do PFL, especialmente
dos clãs Sarney e carlista, de derrubar Serra. No próprio PSDB, há
uma minoria que também gostaria de inviabilizar o senador paulista. No entanto, o cacife político
e empresarial de Serra, que está
em ascensão nas pesquisas, torna
esse plano de difícil execução.
A reação dos serristas é forte.
FHC está sendo a pressionado a
esquecer o PFL e a fortalecer laços
com o PMDB, o PPB e o PTB.
Serra está bem acertado com o
PMDB e tenta fechar com o PPB e
o PTB -esse último ainda amarrado por aliança a Ciro. FHC
mostra que ficará ao lado de Serra, mas teme que as brigas compradas pelo pré-candidato reabram investigações no Congresso
e tragam à tona dossiês contra ele
e contra o PSDB.
Apesar de FHC e da maioria do
PSDB bancar Serra, a ameaça Ciro-PFL mais as faixas afixadas em
Fortaleza defendendo a candidatura ao Palácio do Planalto do
presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), caíram como
uma bomba ontem no PSDB.
"Chega de confusão, Aécio é a
solução", dizem faixas espalhadas
pela capital do Ceará, palco nos
últimos dias de um encontro do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) pelo qual passaram FHC e Serra.
As faixas pró-Aécio, que indiretamente atribuem a Serra a ruptura de uma aliança de quase oito
anos do PFL como PSDB, foram
afixadas por pessoas ligadas ao
governador do Ceará, Tasso Jereissati (CE), tucano que perdeu a
disputa pela candidatura do partido para Serra. Tassistas dizem
que o governador cearense poderia apoiar Aécio. E, para o PFL,
tanto Tasso como Aécio são vistos
como boas opções.
Se a candidatura Serra sobreviver ao bombardeio, o que parece
ser hoje a tendência, o PFL crê que
uma aliança com Ciro poderia
abrir espaço para um terceiro pólo na eleição, enfraquecendo o cenário desejado por PSDB e PT, o
de um confronto "mais ideológico e menos fisiológico" entre Serra e Luiz Inácio Lula da Silva.
Ciro poderia criar o bloco das
forças que desejam se vingar de
FHC. Ele, que deixou o PSDB magoado com o presidente, atrairia
as oligarquias nordestinas que
perderam força, como as lideradas por Sarney e ACM.
No PSDB, Ciro contaria com a
simpatia de Tasso. Apesar das
mágoas com Serra, Tasso ficará
oficialmente com ele. Mas Tasso é
amigo de Ciro e poderia ser, num
eventual governo, fiador de um
acordo com o PSDB. Até Itamar
Franco, governador de Minas,
dissidente do PMDB e desafeto de
FHC, poderia engrossar o coro
dos "vingadores".
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