São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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Presidente da CNBB volta a cobrar agilidade e resultados do governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Menos de um mês depois de ter dito que o "jeitinho" brasileiro contribui para evitar uma explosão social no país, o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Geraldo Majella Agnelo, voltou ontem a cobrar "ações mais rápidas" do governo e resultados dos projetos.
"Pelo resultado até agora, [o governo] ainda não se distanciou do outro", disse d. Geraldo, comparando a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva com a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Já o vice-presidente da entidade, d. Antônio Celso de Queirós, afirmou estar "preocupado" com a demora do programa de reforma agrária para sair do papel.
Na reunião do Conselho Permanente da CNBB, que terminou ontem em Brasília, os bispos ouviram do pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Guilherme Delgado que as ações de reforma agrária estão paralisadas por causa da falta de recursos e de mobilização.
"A reforma agrária está no mesmo pé de outras reformas que todos esperamos que algum governo faça. Até hoje nenhum teve coragem de fazer. A gente esperou e continua esperando que o governo Lula faça", disse d. Antônio.
Desde o ano passado, a CNBB cobra do governo agilidade no programa de reforma agrária. A entidade chegou a divulgar uma nota, em novembro, para dizer que, pela gravidade e urgência, a questão agrária era prioridade.
D. Geraldo também tem criticado o governo pela demora dos projetos e, em setembro de 2003, comparou o Brasil a uma panela de pressão, "prestes a explodir".
Para d. Geraldo, é preciso uma política mais agressiva do governo. "É o que queremos. Desejamos que o povo, por estar nesse aperto, tenha ações mais rápidas para o desemprego, salário justo, saúde e educação para todos."
Classificou ainda de "inaceitável" o fato de haver pais que dormem na porta de escolas públicas para conseguir vagas para os filhos. "Estamos numa expectativa de 14 meses [a duração do governo Lula até agora]. A gente deseja que os problemas vitais para o povo sejam resolvidos o quanto antes", disse o presidente da CNBB.
Ao falar sobre reforma política, outro tema discutido na reunião em Brasília, o secretário-geral da entidade, d. Odilo Pedro Scherer, defendeu que seja discutida a possibilidade de financiamento público das campanhas eleitorais.
"Até para evitar todo tipo de corrupção e a facilidade que prende o eleitor a certos esquemas de pressão, de compra de votos."


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