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Dirceu desabafa e diz estar indignado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A CAVALCANTE(GO)
Em desabafo durante almoço na
residência oficial do presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP),
o ministro José Dirceu (Casa Civil) afirmou estar "indignado"
com as acusações publicadas pela
imprensa contra seu filho, o funcionário público do governo do
Paraná, José Carlos Becker de Oliveira e Silva, 26, o Zeca Dirceu.
A Folha informou, em reportagens publicadas desde quarta, que
Zeca, mesmo não sendo parlamentar, conseguiu empenhar pelo menos R$ 1,4 milhão em recursos da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e do Ministério da
Assistência Social em 2003.
O filho do ministro é pré-candidato a prefeito em Cruzeiro do
Oeste (PR) pelo PT.
O almoço, marcado para fazer
avaliar as dificuldades políticas
enfrentadas no Senado, reuniu
Dirceu, Sarney, o ministro Aldo
Rebelo (Coordenação Política) e
os líderes do governo, Aloizio
Mercadante (PT-SP), e do PMDB,
Renan Calheiros (AL).
Segundo participantes, Dirceu
falou das dificuldades de ver as
denúncias contra Zeca, quando o
alvo dos ataques seria ele próprio,
e não o filho. A interlocutores disse que, em 40 anos de vida pública, nunca imaginou passar por isso, que tem dificuldades para conviver com a situação e que o consolo é saber que o filho é maduro e
consegue enfrentar as acusações
de cabeça erguida.
Funasa
Em Cavalcante (GO), onde foi
participar de um evento com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Funasa, Valdi
Bezerra, disse que não sabia que
R$ 607 mil em empenhos do órgão beneficiaram projetos de interesse de Zeca: "Como são emendas, o que acontece é que são
mandadas em face das negociações com as bancadas, são mandadas para nós e nem vemos o
nome de quem é. Olhamos o município e se temos o recurso".
Bezerra afirmou que nunca esteve e não conhece Zeca Dirceu.
"Liberamos para municípios, e
não para pessoas e deputados.
Definir emendas não cabe a nós."
Indagado se a Casa Civil é que
determinava emendas, Bezerra
afirmou: "Não queira me colocar
nisso. Todas [as emendas] vêm
das negociações das bancadas".
O ministro da Saúde, Humberto
Costa, também em Cavalcante,
disse não ter conhecimento da
existência de um controle interno
da Funasa que aponta "JCB" (iniciais de José Carlos Becker) como
interessado na liberação de emendas. "Não tenho conhecimento de
todas as coisas que possam acontecer no ministério. Mas não vejo
nenhuma ilegitimidade em qualquer cidadão brasileiro reivindicar alguma coisa para a sua comunidade", disse.
(RU e EDS)
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