São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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Dirceu desabafa e diz estar indignado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A CAVALCANTE(GO)

Em desabafo durante almoço na residência oficial do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o ministro José Dirceu (Casa Civil) afirmou estar "indignado" com as acusações publicadas pela imprensa contra seu filho, o funcionário público do governo do Paraná, José Carlos Becker de Oliveira e Silva, 26, o Zeca Dirceu.
A Folha informou, em reportagens publicadas desde quarta, que Zeca, mesmo não sendo parlamentar, conseguiu empenhar pelo menos R$ 1,4 milhão em recursos da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e do Ministério da Assistência Social em 2003.
O filho do ministro é pré-candidato a prefeito em Cruzeiro do Oeste (PR) pelo PT.
O almoço, marcado para fazer avaliar as dificuldades políticas enfrentadas no Senado, reuniu Dirceu, Sarney, o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) e os líderes do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), e do PMDB, Renan Calheiros (AL).
Segundo participantes, Dirceu falou das dificuldades de ver as denúncias contra Zeca, quando o alvo dos ataques seria ele próprio, e não o filho. A interlocutores disse que, em 40 anos de vida pública, nunca imaginou passar por isso, que tem dificuldades para conviver com a situação e que o consolo é saber que o filho é maduro e consegue enfrentar as acusações de cabeça erguida.

Funasa
Em Cavalcante (GO), onde foi participar de um evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Funasa, Valdi Bezerra, disse que não sabia que R$ 607 mil em empenhos do órgão beneficiaram projetos de interesse de Zeca: "Como são emendas, o que acontece é que são mandadas em face das negociações com as bancadas, são mandadas para nós e nem vemos o nome de quem é. Olhamos o município e se temos o recurso".
Bezerra afirmou que nunca esteve e não conhece Zeca Dirceu. "Liberamos para municípios, e não para pessoas e deputados. Definir emendas não cabe a nós."
Indagado se a Casa Civil é que determinava emendas, Bezerra afirmou: "Não queira me colocar nisso. Todas [as emendas] vêm das negociações das bancadas".
O ministro da Saúde, Humberto Costa, também em Cavalcante, disse não ter conhecimento da existência de um controle interno da Funasa que aponta "JCB" (iniciais de José Carlos Becker) como interessado na liberação de emendas. "Não tenho conhecimento de todas as coisas que possam acontecer no ministério. Mas não vejo nenhuma ilegitimidade em qualquer cidadão brasileiro reivindicar alguma coisa para a sua comunidade", disse. (RU e EDS)


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