São Paulo, sábado, 13 de março de 2004

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OPERAÇÃO ANACONDA

Rocha Mattos não aponta envolvidos com contrabando

Juiz deixa de fazer denúncias a CPI

SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do que teria prometido aos deputados da CPI da Pirataria, o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, preso na Operação Anaconda sob a acusação de comandar um esquema de venda de sentenças, não apontou os nomes de outros integrantes do Judiciário supostamente envolvidos com contrabando.
Os deputados tinham a expectativa de que Rocha Mattos apresentasse denúncias e ajudasse na investigação. Ele foi convocado para depor justamente porque teria dito, informalmente, que teria acusações a fazer à CPI.
"Havia uma expectativa muito grande para uma possível declaração do juiz sobre denúncias sérias contra integrantes do Poder Judiciário. Em uma conversa informal, ele havia dito que as faria. Nesse sentido, o depoimento frustrou", afirmou o relator da CPI, deputado Josias Quintal (PMDB-RJ).
Porém, Rocha Mattos limitou-se a fazer insinuações, dizendo que "não queria lavar roupa suja fora do Judiciário" e que "corrupção existe em todos os poderes". O juiz também negou ter relação com o empresário Law Kin Chong, apontado pela Polícia Federal como um dos principais contrabandistas de São Paulo.
Em três horas e meia, Rocha Mattos chamou o Ministério Público de "irresponsável" e disse que as procuradoras que atuam no caso, Janice Ascari e Ana Lúcia Amaral, eram "totalmente estranhas". Segundo o deputado Julio Lopes (PP-RJ), integrante da CPI, o juiz teria mudado de posição por orientação de sua advogada, Daniela Pellin.
A CPI investiga uma suposta relação entre Rocha Mattos, o delegado José Augusto Bellini, suspeito de intermediar a venda de serviços da Justiça, e Law Kin Chong. A suspeita é baseada nas gravações em que Rocha Mattos aparece conversando com o agente da PF César Herman Rodriguez e com Bellini sobre uma televisão de plasma, apreendida na casa de Norma Cunha, ex-mulher do juiz.
Também convocado pela CPI, Bellini não compareceu por determinação de desembargadora que aceitou a argumentação de que o delegado estava doente.
Rocha Mattos e o delegado da Polícia Federal Jorge Luiz Bezerra da Silva, outro acusado de envolvimento nos crimes apurados pela Operação Anaconda, tiveram ontem pedidos de habeas corpus negados pelo Superior Tribunal de Justiça.


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