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OPERAÇÃO ANACONDA
Rocha Mattos não aponta envolvidos com contrabando
Juiz deixa de fazer denúncias a CPI
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao contrário do que teria prometido aos deputados da CPI da
Pirataria, o juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, preso na
Operação Anaconda sob a acusação de comandar um esquema de
venda de sentenças, não apontou
os nomes de outros integrantes
do Judiciário supostamente envolvidos com contrabando.
Os deputados tinham a expectativa de que Rocha Mattos apresentasse denúncias e ajudasse na
investigação. Ele foi convocado
para depor justamente porque teria dito, informalmente, que teria
acusações a fazer à CPI.
"Havia uma expectativa muito
grande para uma possível declaração do juiz sobre denúncias sérias contra integrantes do Poder
Judiciário. Em uma conversa informal, ele havia dito que as faria.
Nesse sentido, o depoimento
frustrou", afirmou o relator da
CPI, deputado Josias Quintal
(PMDB-RJ).
Porém, Rocha Mattos limitou-se a fazer insinuações, dizendo
que "não queria lavar roupa suja
fora do Judiciário" e que "corrupção existe em todos os poderes".
O juiz também negou ter relação
com o empresário Law Kin
Chong, apontado pela Polícia Federal como um dos principais
contrabandistas de São Paulo.
Em três horas e meia, Rocha
Mattos chamou o Ministério Público de "irresponsável" e disse
que as procuradoras que atuam
no caso, Janice Ascari e Ana Lúcia
Amaral, eram "totalmente estranhas". Segundo o deputado Julio
Lopes (PP-RJ), integrante da CPI,
o juiz teria mudado de posição
por orientação de sua advogada,
Daniela Pellin.
A CPI investiga uma suposta relação entre Rocha Mattos, o delegado José Augusto Bellini, suspeito de intermediar a venda de serviços da Justiça, e Law Kin Chong.
A suspeita é baseada nas gravações em que Rocha Mattos aparece conversando com o agente da
PF César Herman Rodriguez e
com Bellini sobre uma televisão
de plasma, apreendida na casa de
Norma Cunha, ex-mulher do juiz.
Também convocado pela CPI,
Bellini não compareceu por determinação de desembargadora
que aceitou a argumentação de
que o delegado estava doente.
Rocha Mattos e o delegado da
Polícia Federal Jorge Luiz Bezerra
da Silva, outro acusado de envolvimento nos crimes apurados pela Operação Anaconda, tiveram
ontem pedidos de habeas corpus
negados pelo Superior Tribunal
de Justiça.
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