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PELADA NO TORTO
Lula recebeu Sócrates e Raí para um "amistoso" em Brasília; resultado da partida causou controvérsia
Recuado, "demônio" joga só 12 minutos
JULIA DUAILIBI
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Até na hora de entrar numa pelada com ex-integrantes da seleção e ministros, o presidente agiu
como se estivesse conduzindo a
reforma ministerial: jogou recuado, com passes discretos e poupando-se de divididas duras.
Na filmagem de um documentário sobre a vida do ex-jogador
Sócrates, ontem, na Granja do
Torto, Lula, ministros e parlamentares saíram a campo para
mostrar que, quando o assunto é
bola, entendem do negócio.
O problema é que os políticos
estavam enferrujados. Houve caneladas, divididas -como a do
ministro Ricardo Berzoini (Trabalho), que derrubou Raí- e
"auto-contusão", como a do líder
do governo no Senado, Aloizio
Mercadante (PT-SP). "Tenho resistência boa no plenário para enfrentar a oposição. No campo é
outra coisa", disse o senador.
Sobre se algum ministro seria
abatido no jogo, Mercadante disse: "A gente sabe separar [o jogo]
da reforma. A vida pública é igual
a esporte. O pessoal muda de posição, mas não sai do esporte".
Durante a semana, Lula dissera
que as pessoas veriam o "demônio de Garanhuns" em campo.
O que aconteceu, porém, foi diferente. No primeiro tempo, Lula
ficou dois minutos em campo. No
segundo, jogou os dez minutos finais. Mais de uma vez, ao pegar a
bola, fez sinal com as mãos pedindo calma aos companheiros.
Aparentando estar acima do peso, Lula correu pouco em campo,
mas foi responsável por iniciar
duas jogadas que renderam gols.
Os irmãos Sócrates e Raí dividiram-se no comando dos times.
Lula jogou com Sócrates, com
quem brincou: "Sócrates está fazendo um filme e não vai marcar
um golzinho". Logo depois veio o
gol, apelidado de medida provisória. Coube ao secretário-executivo da Casa Civil, Swedenberger
Barbosa, não deixar o governo fazer feio. Marcou dois gols no time
de Lula. "Dirceu [ministro da Casa Civil] tem uma influência tão
grande no governo que, as duas
vezes em que o Berger saiu para
atendê-lo ao telefone, voltou e
marcou gol", disse Jorge Viana
(PT), governador do Acre.
No time de Raí, estavam outros
irmãos de Sócrates e Antonio Palocci (Fazenda). O placar foi assunto de controvérsia. Uns diziam que foi 4 a 3, outros 5 a 4, ou
5 a 3 -todos pró-Lula. O jogo foi
fechado à imprensa. A Folha
acompanhou de longe e contou
três gols do time de Raí (que fez
dois deles) e cinco do de Sócrates
(dois dele). A primeira-dama,
Marisa Letícia, assistiu ao jogo.
Reforma
Luiz Gushiken (Comunicação
de Governo e Gestão Estratégica)
definiu ontem como "modéstia"
as declarações do vice-presidente
e ministro da Defesa, José Alencar, de que teria "perfil inadequado" para a pasta. "É uma atitude
de modéstia de José Alencar. Estamos vendo a enorme capacidade
que está tendo em gerenciar o ministério", disse ontem após aula
magna do curso de pós-graduação em comunicação pública da
ESPM, em São Paulo.
Gushiken negou que haja demora ou insegurança em definir
os rumos da reforma. "O presidente tem o tempo dele e a responsabilidade única de definir."
Colaborou a Redação
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