São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

No Haiti

Abrindo a escalada do "Fantástico":
- Guerra! Como o Exército está ocupando os morros.
Lá pelo meio da reportagem, diz uma mulher:
- Eu tô me sentindo no Haiti.
A cobertura ganha ares de guerra, ela também, com correspondentes ao vivo e tiros ao fundo na rádio Band News.
E com as câmeras gravando cenas como as do "Fantástico", com tiros traçantes ou soldados invadindo barracos. Da escalada do "Jornal da Band", sábado, no mesmo tom:
- Pânico no Rio. Morro da Providência vira praça de guerra entre as tropas do Exército e traficantes. Soldados respondem aos tiros do alto da favela.
E na CBN, ontem:
- No protesto contra o Exército na favela da Metral, militares deram tiros para o alto e bandidos armados, que participaram, fizeram disparos.
A manifestação era manchete também no Globo Online.
 
De volta ao "Fantástico", que registrou sem maior atenção a aparente retirada:
- Os militares saíram do morro da Mangueira e do conjunto de favelas do Alemão. A estratégia do comando do Exército agora é não se concentrar em pontos fixos e dar mais mobilidade às tropas.
Já O Dia Online, quase todo voltado à operação, trouxe como enunciado:
- Tráfico comemora desocupação da Providência.
Foi com "uma grande queima de fogos".

Reprodução
Do "Fantástico": "Nossa equipe registrou tiros de munição traçante partindo do morro da Providência na direção da sede do Comando Militar do Leste"


Colapso
O acordo nuclear fechado por George W. Bush com a Índia dividiu os jornais americanos. Ontem o "Washington Post" trazia na coluna de Robert Kagan a defesa do acordo, dizendo que os EUA "têm mesmo dois pesos" em sua política externa. Quanto ao temor maior:
- Estou inclinado a duvidar que o acordo possa encorajar, digamos, o Brasil ou a África do Sul a retomar seus programas de armas nucleares.

Passe livre
Não é o que pensa Thomas L. Friedman, célebre colunista de política externa do "New York Times". Ele escreveu no final da semana que o acordo pode levar ao "derretimento" do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e questionou:
- Japão, Brasil e Argentina cederam ao tratado e optaram por desistir das armas para ter acesso à tecnologia nuclear. O que vão pensar se a Índia conseguir passe livre?

Joquempô
Sexta foi dia de histeria na disputa tucana, a ponto de levar o tema de volta à escalada dos telejornais, caso da Record:
- Mistério na novela.
A obsessão entrou pelos blogs petistas, com os Amigos do Presidente Lula criticando "a cidade inundada -e Serra e Alckmin em campanha". Outros, como o Bué de Bocas, atacaram a falta de "representatividade":
- Abrigados em suntuosos apartamentos nas zonas nobres, entre eles, cinco ou seis...
O blog de Soninha, na Folha Online, propôs que os dois decidam no "joquempô".
Ainda o acordão
Kennedy Alencar, também na Folha Online:
- Injustamente, as duas absolvições foram creditadas a um acordão entre PT e PFL. Foi um acordão do Congresso, de todos os grandes partidos.
No PSDB, além do líder na Câmara, até Alckmin "atuou em favor" do pefelista.

TV SEM LIMITE

Em contraste com o debate sobre a TV digital por aqui, o "New York Times" deu longa reportagem, ontem, para a explosão dos canais on-line. Numa única empresa, são três novas emissoras por semana, voltadas a assuntos de audiência restrita. Tem o canal de esportes náuticos, tem o de cultura pop -que, quando foi deixado de lado pela DirecTV, mudou para a web.
O Discovery está entrando na área, também ESPN e até Amazon. Boa parte das plataformas oferece canais do mundo inteiro, caso da JumpTV, que vai do vietnamita VTV4 ao brasileiro Amazon Sat.
Segundo o blog de mídia Romenesko, os críticos de TV dos jornais já começam a tratar da produção feita para a rede, em especial aquela no serviço You Tube.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br


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