|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Justiça absolve acusados de beneficiar Telemar em leilão
Ação apontava suposta irregularidade na privatização do Sistema Telebrás, em 1998
Procuradoria vai recorrer; ação acusava o ex-ministro Mendonça de Barros, entre outros, de ter praticado improbidade administrativa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça absolveu Luiz Carlos Mendonça de Barros (ex-ministro das Comunicações),
André Lara Resende (ex-presidente do BNDES), José Pio
Borges (ex-vice-presidente do
BNDES) e Renato Guerreiro
(ex-presidente da Agência Nacional de Telecomunicações)
ao arquivar, após dez anos, ação
em que eram acusados de improbidade administrativa por
supostamente terem favorecido a Telemar na privatização
do Sistema Telebrás, em 1998.
A sentença, do juiz Moacir
Ferreira Ramos, da 17ª Vara da
Justiça Federal em Brasília, é
de 3 de março e é a primeira ligada ao caso. Processo semelhante tramita no Rio.
O Ministério Público Federal, que propôs a ação em 23 de
março de 1999, vai recorrer. O
procurador Wellington de Oliveira tem prazo de 30 dias para
tomar as providências.
Na ação, pedia-se a condenação dos ex-agentes ao pagamento de multa de até duas vezes o valor do dano causado, a
perda de direitos políticos por
até oito anos, além da proibição
de contratar com o Estado.
Segundo o Ministério Público, os acusados atuaram para
que o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social ) financiasse a Telemar com empréstimos ilegais e
sem garantias, bem como para
que ingressasse no quadro societário da empresa após a privatização, o que seria proibido
pelas normas do leilão.
Gravações clandestinas divulgadas inicialmente pela revista "Veja", e depois integralmente pela Folha, após a privatização do Sistema Telebrás,
vendido por R$ 22,058 bilhões,
revelaram que, com o conhecimento do então presidente
Fernando Henrique Cardoso,
Mendonça de Barros, Lara Resende, Pio Borges, além de Jair
Bilachi (ex-presidente da Previ, o fundo de pensão do Banco
do Brasil) e Pérsio Arida (ex-sócio do Opportunity) se articularam para tentar garantir
que o Opportunity, que comandava a Telemar, disputasse a
compra da Tele Norte Leste.
Mas o banco comprou antes
a Tele Centro Sul e, pela regra
do leilão, ficou fora da disputa.
A companhia foi arrematada
pelo consórcio Telemar, por R$
3,43 bilhões -ágio de 1%.
Diante da divulgação dos diálogos, interlocutores justificaram que só tomaram medidas
para aumentar a concorrência
e elevar o preço dos ativos.
As fitas são mencionadas pelo juiz, mas não interferiram no
seu julgamento, que teve como
base relatório do TCU (Tribunal de Contas da União), concluído em 2002, e o parecer sobre o caso feito pelo Ministério
Público que atua no tribunal.
Em seu parecer, o procurador Lucas Furtado afirma que
"tudo indica que não houve tal
intenção dos responsáveis [pela condução do leilão], haja vista, como se disse, não agirem
eles para beneficiar em particular determinado consórcio,
mas para favorecer a competitividade no leilão e buscar melhor resultado para o erário".
A ação foi proposta pelo Ministério Público como resultado de representação feita por
petistas, entre os quais os deputados federais Ricardo Berzoini, hoje também presidente
do PT, e Aloizio Mercadante,
agora senador. O juiz sugere,
por fim, que eles poderiam ter
interferido no "governo atual
(já renovado pela reeleição), ao
qual têm dado suporte, para
que fosse feita, a fundo, a investigação dessas denúncias -sérias, enfatize-se, que apontaram na representação".
Texto Anterior: Controle sobre a PF é "sóbrio", afirma Tarso Próximo Texto: Absolvidos comemoram decisão no DF Índice
|