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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ HORA DAS CONCLUSÕES
Líderes da oposição atacam presidente, mas negam intenção de pedir impeachment
Lula é o responsável por "quadrilha", afirma Tasso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição acusou ontem o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser o responsável pela formação da "organização criminosa" que, segundo denúncia feita
pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, é integrada por membros do
governo e do PT. Apesar disso,
parlamentares do PSDB e do PFL
afirmaram que não pedirão o impeachment do presidente Lula
para não serem acusados de golpismo nas eleições.
"Quero dizer que esse fato envolve sim, diretamente, o presidente da República. Ele é responsável pelo governo. O grande responsável pela formação da quadrilha é o presidente da República", disse o presidente do PSDB,
senador Tasso Jereissati (CE).
O procurador-geral denunciou
40 pessoas ao Supremo Tribunal
Federal sob acusação de integrar
uma "organização criminosa" comandada pelo ex-ministro José
Dirceu (Casa Civil) e pelos petistas José Genoino, Delúbio Soares
e Sílvio Pereira. Lula foi poupado
nessa parte do inquérito. Segundo
o procurador-geral, não há elemento capaz de justificar uma
ação penal contra o presidente.
Apesar do discurso contundente, a oposição está cautelosa quanto a ações práticas. Para tucanos e
pefelistas, um pedido de impeachment poderia favorecer o
PT nas eleições. "Vão tentar caracterizar como tentativa de golpe
e transformar o Lula em vítima.
Colocaríamos água na tese deles
de que é o candidato dos pobres
contra o candidato dos ricos",
afirmou o deputado Alberto
Goldman (PSDB-SP). Em Minas
Gerais, o governador Aécio Neves
(PSDB) disse que não torce pelo
impeachment, apesar da gravidade das denúncias.
O texto do procurador-geral foi
elogiado no plenário do Senado.
"A denúncia é muito apropriada,
entretanto penso que a responsabilidade principal é do presidente
da República", afirmou o senador
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Mas houve críticas: "Se estão ali
os altos escalões do governo, não
citou o presidente Lula porque
não quis. Mas que o presidente
Lula é o grande responsável eu
não tenho dúvida. Tudo isso
aconteceu em volta dele e ele não
sabe de nada?", questionou o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
As poucas e tímidas manifestações petistas no plenário foram
compensadas pela visita do ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) aos líderes do PSDB e
do PFL no Senado, Arthur Virgílio (AM) e José Agripino (RN).
"É um direito da oposição levantar essa questão [impeachment], mas não tem racionalidade jurídica, política nem o apoio
da população", afirmou Tarso.
Na Câmara, governistas atacaram Antonio Fernando. O líder
do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), afirmou que o
procurador foi "mordido pela
mosca azul", expressão que significa deslumbramento com o poder. Mas Chinaglia também elogiou o desempenho "independente" do procurador.
Para o líder do PT na Câmara,
Henrique Fontana (RS), o tom da
denúncia foi "adequado". "Os
tempos do engavetador-geral da
República eram dos tucanos. O
relatório é adequado, pois descreve situação de caixa dois e repasse
ilegal para a base aliada. Esse processo, comandado pelo publicitário Marcos Valério, alimentou o
PFL e o PSDB. Infelizmente, também o PT", declarou.
O senador Almeida Lima
(PMDB-SE) começou a recolher
assinaturas para criar uma CPI
para investigar suspeitas contra
Lula. No final da tarde de ontem,
tinha o apoio de seis senadores.
(FERNANDA KRAKOVICS, ADRIANO CEOLIN E FÁBIO ZANINI)
Leia a íntegra da denúncia do procurador-geral
na
www.folha.com.br/061023
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