São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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MENSALÃO /HORA DAS CONCLUSÕES

Nova fase de apuração começa depois da Páscoa; procuradores dizem haver lacunas que poderiam comprometer o presidente

Lula será novo alvo de investigação do Ministério Público

JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A apresentação da denúncia contra 40 pessoas acusadas de envolvimento no escândalo do mensalão não encerrou o caso. O Ministério Público Federal inicia depois da Páscoa a segunda fase, que culminará com a apresentação de novas denúncias. A Folha apurou que um dos alvos da Procuradoria da República é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os procuradores envolvidos na apuração do caso julgam ter detectado no inquérito uma lacuna que pode levar à responsabilização direta do presidente. Mantendo a discrição que marcou a primeira fase das investigações, o Ministério Público guarda suas suspeitas em segredo.
Questionado, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, negou que o presidente Lula seja o novo alvo. O procurador afirmou, por meio de sua assessoria, que não vê, ao menos por ora, nenhum indício de envolvimento do petista.

Pontos pendentes
Por meio do STF (Supremo Tribunal Federal), a Procuradoria solicitou à Polícia Federal que aprofunde as investigações em torno de pontos que considera ainda pendentes de elucidação.
A exemplo do que ocorreu na primeira fase da apuração, os procuradores não excluem a hipótese de realizar investigações por conta própria. Não é boa a relação entre as equipes da Polícia Federal e da Procuradoria destacadas para atuar no caso do mensalão.
A polícia acusa os procuradores de precipitação. A PF havia pedido ao STF uma dilatação do prazo para a conclusão do inquérito. Alegou que várias perícias contábeis ainda estão pendentes de conclusão. Acha que parte das denúncias, por "inconsistente", pode ser rejeitada pelo Judiciário.
Os procuradores da República dão de ombros para as queixas feitas pela Polícia Federal.
De acordo com eles, não havia razão para postergar a formalização das primeiras quatro dezenas de denúncias. Sustentam que são "consistentes", fundadas em "provas sólidas".
De resto, afirmam que, onde havia lacunas, o desfecho foi adiado para a segunda fase das investigações, a ser iniciada agora.

"Timbre"
Um dos tópicos que intrigam o Ministério Público é o timbre peremptório empregado pela PF nos trechos de seus relatórios em que isenta Lula de qualquer tipo de envolvimento em todo o escândalo. Os procuradores avaliam que, em pelo menos um caso, há no inquérito indícios de responsabilidade direta do presidente da República. É um dos pontos nos quais desejam ver as apurações aprofundadas.
Ao anunciar a formalização da denúncia, anteontem, o procurador-geral da República fez questão de frisar que Lula não constava do rol de denunciados.
Não mencionou, por precaução de ofício, as suspeitas que rondam Lula. O destino do presidente está agora na dependência do rumo que as investigações irão tomar.


Josias de Souza escreve o blog "Nos Bastidores do Poder" no endereço www.folha.com.br/blogs/josiasdesouza


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