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MENSALÃO /HORA DAS CONCLUSÕES
Nova fase de apuração começa depois da Páscoa; procuradores dizem haver lacunas que poderiam comprometer o presidente
Lula será novo alvo de investigação do Ministério Público
JOSIAS DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A apresentação da denúncia
contra 40 pessoas acusadas de envolvimento no escândalo do mensalão não encerrou o caso. O Ministério Público Federal inicia depois da Páscoa a segunda fase, que
culminará com a apresentação de
novas denúncias. A Folha apurou
que um dos alvos da Procuradoria da República é o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Os procuradores envolvidos na
apuração do caso julgam ter detectado no inquérito uma lacuna
que pode levar à responsabilização direta do presidente. Mantendo a discrição que marcou a primeira fase das investigações, o
Ministério Público guarda suas
suspeitas em segredo.
Questionado, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, negou que o presidente Lula seja o novo alvo. O
procurador afirmou, por meio de
sua assessoria, que não vê, ao menos por ora, nenhum indício de
envolvimento do petista.
Pontos pendentes
Por meio do STF (Supremo Tribunal Federal), a Procuradoria
solicitou à Polícia Federal que
aprofunde as investigações em
torno de pontos que considera
ainda pendentes de elucidação.
A exemplo do que ocorreu na
primeira fase da apuração, os procuradores não excluem a hipótese
de realizar investigações por conta própria. Não é boa a relação entre as equipes da Polícia Federal e
da Procuradoria destacadas para
atuar no caso do mensalão.
A polícia acusa os procuradores
de precipitação. A PF havia pedido ao STF uma dilatação do prazo
para a conclusão do inquérito.
Alegou que várias perícias contábeis ainda estão pendentes de
conclusão. Acha que parte das denúncias, por "inconsistente", pode ser rejeitada pelo Judiciário.
Os procuradores da República
dão de ombros para as queixas
feitas pela Polícia Federal.
De acordo com eles, não havia
razão para postergar a formalização das primeiras quatro dezenas
de denúncias. Sustentam que são
"consistentes", fundadas em
"provas sólidas".
De resto, afirmam que, onde havia lacunas, o desfecho foi adiado
para a segunda fase das investigações, a ser iniciada agora.
"Timbre"
Um dos tópicos que intrigam o
Ministério Público é o timbre peremptório empregado pela PF
nos trechos de seus relatórios em
que isenta Lula de qualquer tipo
de envolvimento em todo o escândalo. Os procuradores avaliam que, em pelo menos um caso, há no inquérito indícios de
responsabilidade direta do presidente da República. É um dos
pontos nos quais desejam ver as
apurações aprofundadas.
Ao anunciar a formalização da
denúncia, anteontem, o procurador-geral da República fez questão de frisar que Lula não constava do rol de denunciados.
Não mencionou, por precaução
de ofício, as suspeitas que rondam
Lula. O destino do presidente está
agora na dependência do rumo
que as investigações irão tomar.
Josias de Souza escreve o blog "Nos Bastidores do Poder" no endereço
www.folha.com.br/blogs/josiasdesouza
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