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Receita busca barrar apuração de caso de sigilo
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob suspeita de parlamentares
da oposição de ter sido usada pelo
ex-ministro da Fazenda Antonio
Palocci para quebrar o sigilo do
caseiro Francenildo Costa, a Receita Federal iniciou uma ofensiva
para evitar investigações no Congresso que envolvem o órgão.
A Folha apurou que o próprio
secretário Jorge Rachid ligou para
o deputado Luiz Carlos Hauly
(PSDB-PR) e escalou outro integrante da Receita para falar com o
senador Álvaro Dias (PSDB-PR)
para convencê-los a retirar pedidos de informação sobre o caso.
O deputado e o senador confirmaram que foram procurados.
Hauly disse que o secretário "sugeriu" que ele desistisse do requerimento. Já o senador contou que
um funcionário da Receita foi a
seu gabinete com a mesma missão, mas não o encontrou.
Segundo Hauly, Rachid argumentou que é normal o acesso aos
dados dos contribuintes. No mês
passado, a corregedoria da Receita abriu procedimento contra três
ex-integrantes de CPIs por constatar que os auditores teriam realizado acessos imotivados a dados
fiscais (cerca de 6.000 consultas,
segundo apuração da Folha).
Informações obtidas por Hauly
e Dias indicam que o passo inicial
à quebra do sigilo na Caixa poderia ter sido dado no fisco. É possível verificar nos sistemas em
quais bancos os contribuintes têm
conta. Assim, Palocci teria descoberto a conta do caseiro.
Por meio de sua assessoria, Rachid confirmou que ligou para
Hauly, mas disse que foi para informá-lo que seu requerimento
estava "equivocado". O secretário
diz que o questionamento sobre
vazamento por parte de algum órgão deve ser precedido do questionamento sobre se tal órgão dispõe da informação vazada.
A Receita sustenta que não poderia ter vazado dados sobre o
primeiro trimestre do ano pois só
recebe dados de movimentação
financeira no trimestre seguinte.
Mas os requerimentos não questionam o vazamento. Em 14 linhas, os parlamentares pedem só
que a Receita informe quem,
quando e por quê acessou os dados de Francenildo.
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