São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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PUBLICIDADE SUSPEITA

Ex-gerente de estatal reafirma irregularidades

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-gerente de marketing da Nossa Caixa Jaime de Castro Júnior reafirmou em depoimento ao Ministério Público paulista a existência de irregularidade em contratos de publicidade da estatal e a suposta destinação de verbas a deputados estaduais, conforme revelou a Folha em março.
Segundo o relato do promotor Sérgio Turra Sobrane e do deputado Romeu Tuma Júnior (PMDB), o ex-gerente, aparentemente mudando sua versão, disse que tanto o ex-presidente do banco Valdery Frota de Albuquerque quanto o atual, Carlos Eduardo Monteiro, sabiam das irregularidades. Em depoimento à sindicância feita pela estatal, Castro Júnior havia inocentado Monteiro, dizendo que ele não soube das fraudes até 27 de junho de 2005.
O promotor disse não saber explicar por que o ex-gerente teria mudado sua versão. O deputado, contudo, afirmou que não há divergência entre os depoimentos e disse que Castro Júnior explicou as razões do aparente conflito, que, ainda segundo Tuma Júnior, não poderiam ser divulgadas para não atrapalhar as investigações.
Sobrane disse ainda que a promotoria soube das irregularidades por uma denúncia anônima e não pela própria estatal, contrariando a versão do banco.
Segundo o promotor, o ex-gerente sustentou que recebia indicação do ex-assessor de comunicação do Estado Roger Ferreira sobre quais empresas deveriam ser patrocinadas pela estatal. Ainda segundo Sobreane, Castro Júnior não mencionou nenhum deputado nominalmente, mas disse que tinha conhecimento que as empresas beneficiadas eram ligadas a deputados estaduais.
Conforme a Folha revelou, as empresas supostamente beneficiadas são ligadas aos deputados Wagner Salustiano (PSDB), Geraldo "Bispo Gê" Tenuta (PTB), Jazadji, Vaz de Lima (PSDB) e Edson Ferrarini (PTB).
Ferrarini, Salustiano e Jazadji enviaram documentos à promotoria confirmando o recebimento de recursos da estatal. Os dois primeiros negam ter vendido apoio em troca disso. Jazadji, em entrevista anterior, disse ter sido procurado por Alckmin para que parasse de criticar o governo.
O ex-gerente ainda foi ouvido pela corregedoria da Assembléia Legislativa, mas, o depoimento foi interrompido porque Castro Júnior teria passado mal.

Outro lado
Por e-mail, Roger Ferreira respondeu as acusações de Castro Júnior dizendo que "como empresa cotada na Bolsa de Valores, a Nossa Caixa não tem nenhuma subordinação formal ou informal, no que se refere à comunicação, a nenhuma instância ou pessoa exterior à empresa".
Em nota, a Nossa Caixa afirma que o atual presidente, Carlos Eduardo Monteiro, soube da inexistência de contrato com a Full Jazz e a Colucci apenas em 27 de junho de 2005 e, "de imediato, determinou abertura de sindicância, que levou à demissão por justa causa de Jaime de Castro Júnior".

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