São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 2006

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ELEIÇÕES 2006/ PRESIDÊNCIA

Nova versão diverge da apresentada no dia 30 de março; estilista Rogério Figueiredo sustenta que fez 400 peças para ex-primeira-dama

Assessor de Alckmin diz que Lu doou 49 peças

DA REPORTAGEM LOCAL

A assessoria do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidência da República, afirmou ontem que a ex-primeira-dama Maria Lúcia Alckmin recebeu e doou, a partir de 2004 e de forma anônima, 49 -e não 400- peças de roupas confeccionadas pelo estilista Rogério Figueiredo. As doações foram para favelas de São Paulo, para dois bazares beneficentes e para a entidade Fraternidade Irmã Clara.
A lista dos beneficiados com as roupas foi enviada ontem pela assessoria. São eles: no início de 2004, a favela da Barragem (seis roupas) e a favela do Bororé (cinco); a Fraternidade Irmã Clara (35 roupas, em três lotes diferentes, setembro de 2004, abril de 2005 e 23 de março de 2006), além de bazares beneficentes nas cidades de Santa Fé do Sul e Conchal (três roupas em maio de 2005).
A assessoria do ex-governador afirmou ainda que Lu Alckmin fez uma doação à Favela Ayrton Senna, no Jardim Ângela, também no início de 2004, na qual foram incluídas roupas de sua filha Sophia, mas que não sabe dizer quantas peças foram destinadas à comunidade local naquela data.
"Na maior parte das vezes, essas roupas eram entregues sem alarde ou publicidade e sem a preocupação de fazer registros, uma vez que se tratava de gesto pessoal de solidariedade", disse à Folha o assessor Luiz Salgado Ribeiro.
A nova versão diverge daquela que havia sido encaminhada à Folha pela assessora de Lu Alckmin, Cristina Macedo, no último dia 30. Segundo ela havia dito, a ex-primeira-dama ganhou 40 roupas do estilista e doou quase tudo, com exceção de uma peça, para a Fraternidade Irmã Clara.
Rogério Figueiredo, por sua vez, afirma que não foram 40 nem 50 peças confeccionadas para a ex-primeira-dama, mas em torno de 400, entre camisas, vestidos e tailleurs. A Fraternidade Irmã Clara reafirmou ontem à reportagem não ter registro de doações realizadas por Lu Alckmin em 2004 ou em 2005. A entidade tem ciência de uma única doação, feita no dia 23 de março, dois dias após a Folha publicar reportagem sobre os presentes do estilista.
Luiz Salgado atribuiu a diferença no número de peças (de 40 para 50) e na relação dos beneficiados a um equívoco da ex-primeira-dama quando rememorou as doações que fez. "Dona Lu sempre doou suas roupas de forma espontânea, anônima, sem guardar recibos. Os cálculos agora são feitos a partir da lembrança dela. Por isso ela tinha falado 40, era uma estimativa", afirmou.
A resposta por escrito que Cristina encaminhou à Folha no dia 30 dizia o seguinte: "Ela [Lu] reafirma que foram 40 peças e todas foram doadas. A quase totalidade para a mesma entidade [Fraternidade Irmã Clara], em três lotes. Com exceção de uma peça, doada, em 2005, para a primeira-dama e presidente do Fundo Social de Santa Fé do Sul, que, por sua vez, a destinou à Comissão de Leilões da Santa Casa de Misericórdia da cidade."
No dia 18, Figueiredo deve depor na Promotoria da Cidadania de São Paulo, que investiga se Lu cometeu ato de improbidade.


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