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PF vai ter de apontar autor de dossiê, diz procurador
Para Robalinho, não bastará apenas mostrar quem vazou
LEONARDO SOUZA
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A investigação sobre o vazamento do dossiê produzido na
Casa Civil fugiu ao controle do
governo. Se a Polícia Federal
não fizer as perícias e as buscas
para tentar identificar também
os autores do dossiê, o Ministério Público Federal vai requisitar diligências nesse sentido,
informou à Folha o procurador
da República no Distrito Federal José Robalinho.
A PF tem até o dia 7 de maio
para concluir o inquérito, instaurado na última segunda-feira, ou pedir prorrogação de
prazo. Nas duas hipóteses, o caso será remetido para o Ministério Público Federal em Brasília, responsável por oferecer ou
não denúncia contra eventuais
indiciados pela polícia.
Procurador da área criminal,
Robalinho disse que é uma "situação comum, corriqueira" o
Ministério Público requisitar
diligências adicionais à PF em
inquéritos como o instaurado,
com o objetivo inicial de apontar apenas o responsável pelo
vazamento de relatório produzido na Casa Civil sobre gastos
do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Mesmo que o inquérito fique
sob responsabilidade de outro
procurador da área criminal
-escolhido por sorteio-, Robalinho disse não ter dúvidas
de que as investigações não se
limitarão a identificar quem
vazou o documento.
Desde que a revista "Veja"
noticiou que o governo preparara dossiê para constranger a
oposição na CPI dos Cartões,
na edição que começou a circular em 22 de março, o governo
recusava a possibilidade de requisitar à PF abertura de inquérito para investigar o caso.
No dia da publicação, a Casa
Civil divulgou nota em que caracterizava como "prática criminosa" o vazamento de dados
sigilosos do Palácio do Planalto. Apesar disso, o governo limitou as investigações a uma
sindicância interna e a uma auditoria do ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação) -subordinados à pasta da
ministra Dilma Rousseff.
Só três dias após a Folha publicar, no dia 4, cópia da tela do
arquivo com identificação do
momento em que o dossiê começou a ser produzido, é que o
governo decidiu acionar a PF.
Ainda assim, o ministro Tarso Genro (Justiça) tem dito que
a polícia investigará somente o
vazamento das informações.
José Robalinho comentou
ainda que a PF não precisava
ter esperado o pedido do governo para instaurar o inquérito.
Disse que, como os indícios de
crime já estavam devidamente
caracterizados, a polícia tinha
por dever de ofício abrir a investigação, sob o risco de ser
acusada de prevaricação.
Procurada pela Folha, a direção da PF não quis comentar
se a abertura de inquérito decorreu do risco de autoridades
do órgão serem enquadradas.
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