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PF tem indício de doação legal ao DEM
Inquérito mostra que executivos da Camargo Corrêa dizem ter recibo do partido repasse de R$ 300 mil
E-mails indicam que doação ao PT, que estava com o recibo "pendente", não
foi citada pela polícia, que
nega ter poupado o partido
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL EM BRASÍLIA
Apesar de documentos da
Operação Castelo de Areia indicarem que uma doação de
R$ 300 mil da construtora Camargo Corrêa ao DEM do Rio
Grande do Norte tinha recibo
-e seria, portanto, legal-, a
Polícia Federal, ao pedir a prisão de executivos da empreiteira, relatou "suposto financiamento ilegal de campanhas",
citando a doação dos "300 para
o Agripino em nome do DEM".
O senador Agripino Maia é
presidente do DEM-RN e, no
início do mês, entregou à Justiça Eleitoral o recibo da doação.
Ainda foram citados repasses
para PSDB, PMDB, PPS, PSB,
PDT e PP. Todas essas legendas
podem ter recebido contribuições ilegais de campanha, segundo a investigação. No entanto, repasses para PT, PTB e
PV também aparecem no inquérito, sem que tenham sido
mencionados pela polícia.
A oposição ao governo Lula
acusou a PF de agir de má-fé,
por ter supostamente poupado
o PT no relatório. A PF nega.
No inquérito da PF, aparecem e-mails cujos assuntos são
doações de campanha. Em uma
dessas mensagens, de 18 de novembro, Dárcio Brunato, executivo da Camargo Corrêa, envia para Luiz Henrique Maia
Bezerra, representante da
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
uma lista de oito doações a partidos. Do lado de cada uma delas, aparece se o recibo está
"pendente" ou "OK".
No documento está escrito
"DEM - R$ 300.000,00 (RN)
recibo OK". No mesmo e-mail,
aparece "PT Diretório Regional
R$ 25.000,00 [recibo] pendente". Não há como identificar
qual é o diretório petista, mas a
lista não indica doação ilegal.
Em 6 de novembro, Bezerra
já tinha escrito a Fernando
Dias Gomes, outro diretor da
Camargo Corrêa. "O recibo do
DEM-RN, R$ 300.000,00, eu
mandei ontem por Sedex a você, deve chegar hoje. Quanto
aos dois do PSDB do Pará, fui
informado pelo próprio partido
que eles já haviam enviado diretamente a vocês", diz.
A PF diz que o foco da operação não são os partidos, que não
estão sob investigação. E nega
ter se pautado por interesses
partidários. Diz que apenas
transcreveu diálogos de grampos nos quais o assunto eram
doações eleitorais e havia referência ao DEM e a outras siglas.
A polícia diz que, ao falar de
doações, o delegado afirmou:
"As conversas monitoradas não
falam especificamente de um
ou outro partido, mas de vários
deles, portanto, sem indícios de
favorecimento dirigido".
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