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Após dois meses, Arruda deixa prisão no DF
Por 8 votos a 5, STJ decide libertar ex-governador porque ele não tem mais condições para dificultar as investigações
Abatido e com a barba por fazer, Arruda saiu abraçado com a ex-primeira-dama e foi para casa, onde recebeu outros investigados pela PF
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-governador do Distrito
Federal José Roberto Arruda
(sem partido) deixou ontem a
prisão depois de dois meses detido na Polícia Federal, acusado
de tentar subornar uma testemunha do mensalão do DEM.
A decisão para soltá-lo foi tomada pelos 13 ministros mais
antigos do STJ (Superior Tribunal de Justiça) em quase
uma hora de julgamento acalorado. O placar foi de 8 a 5.
O relator do pedido de revogação da prisão preventiva foi o
ministro Fernando Gonçalves,
o mesmo que determinou a prisão no dia 11 de fevereiro. A decisão beneficiou outros cinco
aliados que estavam presos pela tentativa de suborno.
Para Gonçalves, Arruda, que
teve o mandato cassado pela
Justiça Eleitoral enquanto estava preso, não tem mais poder
para atrapalhar nas investigações. O ex-governador é acusado de chefiar um esquema de
coleta e pagamento de propina.
"Não há depoimentos a serem colhidos e cabe realçar que
várias testemunhas e indiciados ficaram calados. Não existem mais razões para a prisão
preventiva, as diligências da
Polícia Federal que restaram
são de caráter técnico", disse o
ministro, que afirmou ter recebido o relatório da PF com os
depoimentos da Operação Caixa de Pandora apenas três horas antes do julgamento.
Foi a última sessão de Fernando Gonçalves como ministro do STJ. O relatório de Gonçalves causou polêmica - ao
contrário do pedido de prisão,
quando 12 ministros foram a
favor da custódia do governador cassado. O voto pela manutenção da prisão foi liderado
pelo vice-presidente do STJ,
ministro Ari Pargendler: "A
condição do indiciado não ser
mais governador não evidencia
que ele não tenha condições de
influenciar nas informações
prestadas pelo governo do DF".
O ministro Felix Fischer
apoiou Pargendler: "Ele não
deixou de ter e não vai deixar de
ter influência". Com a divergência, Hamilton Carvalhido
ameaçou pedir vista, mas recuou após a reclamação de João
Otávio de Noronha: "Se houver
o pedido de vista, Arruda vai ficar mais 17 dias preso. Vão
transformar o próprio indiciado em prisioneiro da mídia".
Arruda foi solto menos de
uma hora após a decisão do
STJ. Cerca de 50 apoiadores esperavam o ex-democrata em
frente à Polícia Federal, rezando de mãos dadas. Visivelmente abatido e com barba por fazer, Arruda saiu abraçado com
a ex-primeira-dama, Flávia,
sem falar com a imprensa.
O ex-governador foi para casa, onde recebeu apoiadores e
investigados do mensalão do
DEM. Do lado de fora, era possível ouvir aplausos e orações.
Arruda foi preso uma semana após Antônio Bento Silva,
funcionário do Metrô local, ser
pego em flagrante pela PF entregando uma sacola com R$
200 mil em dinheiro vivo ao
jornalista Edson Sombra, testemunha do mensalão do
DEM. Antônio Bento, em depoimento, disse à PF que entregou o dinheiro a mando de Arruda.
(FILIPE COUTINHO, MÁRCIO FAL
CÃO E VANESSA ALVES BAPTISTA)
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