São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2010

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Após dois meses, Arruda deixa prisão no DF

Por 8 votos a 5, STJ decide libertar ex-governador porque ele não tem mais condições para dificultar as investigações

Abatido e com a barba por fazer, Arruda saiu abraçado com a ex-primeira-dama e foi para casa, onde recebeu outros investigados pela PF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido) deixou ontem a prisão depois de dois meses detido na Polícia Federal, acusado de tentar subornar uma testemunha do mensalão do DEM.
A decisão para soltá-lo foi tomada pelos 13 ministros mais antigos do STJ (Superior Tribunal de Justiça) em quase uma hora de julgamento acalorado. O placar foi de 8 a 5.
O relator do pedido de revogação da prisão preventiva foi o ministro Fernando Gonçalves, o mesmo que determinou a prisão no dia 11 de fevereiro. A decisão beneficiou outros cinco aliados que estavam presos pela tentativa de suborno.
Para Gonçalves, Arruda, que teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral enquanto estava preso, não tem mais poder para atrapalhar nas investigações. O ex-governador é acusado de chefiar um esquema de coleta e pagamento de propina.
"Não há depoimentos a serem colhidos e cabe realçar que várias testemunhas e indiciados ficaram calados. Não existem mais razões para a prisão preventiva, as diligências da Polícia Federal que restaram são de caráter técnico", disse o ministro, que afirmou ter recebido o relatório da PF com os depoimentos da Operação Caixa de Pandora apenas três horas antes do julgamento.
Foi a última sessão de Fernando Gonçalves como ministro do STJ. O relatório de Gonçalves causou polêmica - ao contrário do pedido de prisão, quando 12 ministros foram a favor da custódia do governador cassado. O voto pela manutenção da prisão foi liderado pelo vice-presidente do STJ, ministro Ari Pargendler: "A condição do indiciado não ser mais governador não evidencia que ele não tenha condições de influenciar nas informações prestadas pelo governo do DF".
O ministro Felix Fischer apoiou Pargendler: "Ele não deixou de ter e não vai deixar de ter influência". Com a divergência, Hamilton Carvalhido ameaçou pedir vista, mas recuou após a reclamação de João Otávio de Noronha: "Se houver o pedido de vista, Arruda vai ficar mais 17 dias preso. Vão transformar o próprio indiciado em prisioneiro da mídia".
Arruda foi solto menos de uma hora após a decisão do STJ. Cerca de 50 apoiadores esperavam o ex-democrata em frente à Polícia Federal, rezando de mãos dadas. Visivelmente abatido e com barba por fazer, Arruda saiu abraçado com a ex-primeira-dama, Flávia, sem falar com a imprensa.
O ex-governador foi para casa, onde recebeu apoiadores e investigados do mensalão do DEM. Do lado de fora, era possível ouvir aplausos e orações.
Arruda foi preso uma semana após Antônio Bento Silva, funcionário do Metrô local, ser pego em flagrante pela PF entregando uma sacola com R$ 200 mil em dinheiro vivo ao jornalista Edson Sombra, testemunha do mensalão do DEM. Antônio Bento, em depoimento, disse à PF que entregou o dinheiro a mando de Arruda. (FILIPE COUTINHO, MÁRCIO FAL CÃO E VANESSA ALVES BAPTISTA)


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