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Marco Aurélio aponta "infelicidade"
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio de Mello, disse que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou "uma frase de absoluta
infelicidade" quando disse que o
Judiciário "engaveta" processos
contra agentes públicos acusados
de desvios de recursos do erário.
"Eu vejo essa frase do presidente Lula como mais uma frase de
absoluta infelicidade quanto à
atuação do Judiciário", declarou
Marco Aurélio. "O Ministério Público está aí para provocar, e o Judiciário, para dar sequência. Atribuo a uma força de expressão.
Não posso imaginar que ele tenha
generalizado a ponto de dizer que
os juízes engavetem."
O presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), ministro Nilson Naves, também lamentou a
utilização desse termo. "Quando
o presidente fala sobre "engavetar", não deve estar se referindo ao
Judiciário. Pode estar falando sobre aqueles que colhem os elementos de prova, ou seja, a polícia
e o Ministério Público. O juiz não
engaveta. Ele sempre chega ao final, num ou noutro sentido."
Tanto Marco Aurélio quanto
Naves não viram nas palavras de
ontem de Lula o mesmo tom de
crítica da declaração sobre a existência de "caixa-preta" no Judiciário, feita há três meses, quando
defendeu o controle externo e
provocou forte reação dos juízes.
Os dois concordaram que a Justiça é lenta, que essa lentidão decorre da sobrecarga de trabalho
nos tribunais superiores e que a
saída é a aprovação da reforma do
Judiciário pelo Congresso.
Marco Aurélio responsabilizou
o próprio Executivo pela lentidão
da Justiça. "No STJ e no Supremo,
75% dos processos envolvem a
União, os Estados e os municípios, as autarquias e as fundações
públicas", afirmou ele.
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