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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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SEGUNDA ONDA

Ministro da Fazenda confirma que virá uma nova etapa na política econômica, mas não fixa data

Palocci diz que não há crescimento por "geração espontânea"

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, confirmou que virá uma segunda etapa da política econômica porque ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não acreditam "em crescimento econômico e distribuição de renda por geração espontânea".
Palocci, porém, não fixou data para o início dessa segunda etapa na economia brasileira, com ênfase para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
"Se há uma data [para começar a fase 2"? Pode ser o meio do ano, depois de votar as reformas previdenciária e tributária ou o ano que vem ou quando for possível. Não temos bola de cristal, não marcaremos data e não faremos crescimento econômico à custa de inflação. Isso é um ponto pacífico no governo", disse ontem à Folha o ministro da Fazenda.
Palocci afirmou que uma diferença do governo Lula em relação ao anterior, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é que a atual administração "não acredita que o equilíbrio macroeconômico gere crescimento econômico e distribuição de renda por geração espontânea".
"Sem querer atacar a gestão anterior, a receita macroeconômica dos últimos dez anos mostrou que é falso esperar automaticamente por crescimento e distribuição de renda. Não ficaremos satisfeitos apenas com os bons resultados das políticas monetária e fiscal. Isso não significa afrouxar o controle da inflação, porque é pressuposto para crescimento econômico sadio", disse Palocci.
É por isso, afirmou o ministro, que a chamada segunda etapa da política econômica planejada por Lula, como revelou a Folha na sua edição de anteontem, dar-se-á sobre "bases sólidas para um crescimento sustentado".
"Fazer crescimento econômico sem sustentação é fácil. Poderíamos ter feito em janeiro. Poderíamos começar a fazer agora. Mas temos responsabilidade com o país", afirmou o ministro.
Palocci confirma que todo o governo estuda políticas para as áreas industrial e comercial.
"Desde o começo, o presidente Lula deixou claro que sua política econômica tem como objetivo final o crescimento, a criação de empregos e a distribuição de renda", declarou o ministro.

Bastidores
A Folha apurou que a cúpula do governo estuda com muita cautela o momento adequado para dar maior ênfase na chamada segunda etapa da economia.
A avaliação é que, em pouco mais de quatro meses, o governo conseguiu tirar a economia da UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e que não pode, por pressão do próprio PT e de setores empresariais, pisar no acelerador do crescimento econômico (via queda de juros) sem ter total controle da inflação.
É justamente por esse motivo que o ministro da Fazenda, por exemplo, não se compromete com um prazo para queda de juros e muito menos com eventual intervenção no câmbio. São assuntos que Palocci não pretende abordar publicamente.
Mais: se o governo avaliar que pode haver risco de volta significativa da pressão inflacionária, dará início com menor força à chamada fase dois.
Na avaliação do governo, é preciso uma combinação fase 1 (forte ajuste fiscal e política monetária conservadora) com a fase 2 (maior foco nas políticas industrial e comercial). Mudança abrupta ou uma ruptura não constam da agenda do governo.
Como disse o ministro Luiz Gushiken em entrevista à Folha, publicada anteontem, "haverá uma segunda fase na política econômica", mas "macroeconomia continuará a ser monitorada firmemente" por Palocci.
Espera-se, como disse Gushiken, que, aos poucos, haja "prevalência de atitudes de microeconomia".


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