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SEGUNDA ONDA
Ministro da Fazenda confirma que virá uma nova etapa na política econômica, mas não fixa data
Palocci diz que não há crescimento por "geração espontânea"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, confirmou que virá
uma segunda etapa da política
econômica porque ele e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
não acreditam "em crescimento
econômico e distribuição de renda por geração espontânea".
Palocci, porém, não fixou data
para o início dessa segunda etapa
na economia brasileira, com ênfase para o crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto).
"Se há uma data [para começar
a fase 2"? Pode ser o meio do ano,
depois de votar as reformas previdenciária e tributária ou o ano
que vem ou quando for possível.
Não temos bola de cristal, não
marcaremos data e não faremos
crescimento econômico à custa
de inflação. Isso é um ponto pacífico no governo", disse ontem à
Folha o ministro da Fazenda.
Palocci afirmou que uma diferença do governo Lula em relação
ao anterior, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é que a
atual administração "não acredita
que o equilíbrio macroeconômico
gere crescimento econômico e
distribuição de renda por geração
espontânea".
"Sem querer atacar a gestão anterior, a receita macroeconômica
dos últimos dez anos mostrou
que é falso esperar automaticamente por crescimento e distribuição de renda. Não ficaremos
satisfeitos apenas com os bons resultados das políticas monetária e
fiscal. Isso não significa afrouxar o
controle da inflação, porque é
pressuposto para crescimento
econômico sadio", disse Palocci.
É por isso, afirmou o ministro,
que a chamada segunda etapa da
política econômica planejada por
Lula, como revelou a Folha na sua
edição de anteontem, dar-se-á sobre "bases sólidas para um crescimento sustentado".
"Fazer crescimento econômico
sem sustentação é fácil. Poderíamos ter feito em janeiro. Poderíamos começar a fazer agora. Mas
temos responsabilidade com o
país", afirmou o ministro.
Palocci confirma que todo o governo estuda políticas para as
áreas industrial e comercial.
"Desde o começo, o presidente
Lula deixou claro que sua política
econômica tem como objetivo final o crescimento, a criação de
empregos e a distribuição de renda", declarou o ministro.
Bastidores
A Folha apurou que a cúpula do
governo estuda com muita cautela o momento adequado para dar
maior ênfase na chamada segunda etapa da economia.
A avaliação é que, em pouco
mais de quatro meses, o governo
conseguiu tirar a economia da
UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e que não pode, por pressão do próprio PT e de setores
empresariais, pisar no acelerador
do crescimento econômico (via
queda de juros) sem ter total controle da inflação.
É justamente por esse motivo
que o ministro da Fazenda, por
exemplo, não se compromete
com um prazo para queda de juros e muito menos com eventual
intervenção no câmbio. São assuntos que Palocci não pretende
abordar publicamente.
Mais: se o governo avaliar que
pode haver risco de volta significativa da pressão inflacionária,
dará início com menor força à
chamada fase dois.
Na avaliação do governo, é preciso uma combinação fase 1 (forte
ajuste fiscal e política monetária
conservadora) com a fase 2
(maior foco nas políticas industrial e comercial). Mudança
abrupta ou uma ruptura não
constam da agenda do governo.
Como disse o ministro Luiz
Gushiken em entrevista à Folha,
publicada anteontem, "haverá
uma segunda fase na política econômica", mas "macroeconomia
continuará a ser monitorada firmemente" por Palocci.
Espera-se, como disse Gushiken, que, aos poucos, haja "prevalência de atitudes de microeconomia".
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